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domingo, 7 de maio de 2017

Miniatura DC Nº 25 - Pinguim

Miniatura DC Nº 25 - Pinguim

No início das histórias em quadrinhos, período também conhecido como A Era de Ouro dos Quadrinhos (1938 - 1956), praticamente todas as histórias traziam uma visão de Mundo muito simples, o "bem" de um lado e o "mal" de outro. Tal visão, também chamada de "maniqueísta", começou a mudar aqui e ali mesmo durante a Era de Ouro, com histórias que prenunciavam a inserção dos complexos elementos da vida real no mundo dos heróis. Tudo caminharia nesse sentido não fosse a promulgação do chamado Authority Code dos quadrinhos em 1954. Um Comitê de Regulação do Governo dos EUA que, para atender o clamor de diversos segmentos da sociedade, passou a nortear e censurar praticamente todo e qualquer material produzido para a mídia chamada "Quadrinhos", Comics em inglês. Esta censura só afrouxaria suas garras em meados dos anos 60/70, permitindo que a "ambiguidade" moral e a complexa personalidade dos personagens aflorassem de verdade. Diversos heróis e vilões explodiram em dramas pessoais, familiares e sociais, permitindo então que os quadrinhos ascendessem ao patamar que sempre lhe fora de direito. Podemos dizer que o Pinguim é apenas mais um destes exemplos.

Miniatura DC Nº 25 - Pinguim

Hoje, conheceremos sua história e as características de sua peça dentro da Coleção de Miniaturas DC da Eaglemoss. Oswald Chesterfield Cobblepot, o Pinguim, é retratado na coleção em sua concepção clássica e original, ou seja, como um aristocrata, diferentemente de outras concepções como a que vimos no filme Batman - O Retorno de 1992, em que Cobblepot foi retratado como um ser deformado, grotesco e subterrâneo por Denny DeVito. Aqui, o vilão aparece de casaca, calças e sapatos caros, colete dourado e gravata borboleta. Uma típica representação de um aristocrata dos anos 30. Não posso, inclusive, deixar de notar uma distante semelhança com Oliver Hardy, o "Gordo", da dupla O Gordo e o Magro. A peça é impecável em minha opinião. As pequena dobras e ondas do tecido do paletó e calcas aparecem muito bem. É possível ainda verificar o distensionamento do colete dourado na tentativa de conter a volumosa barriga. Detalhes como estes trazem credibilidade e verossimilhança à peça.

Miniatura DC Nº 25 - Pinguim

Outro aspecto da indumentária do personagem que nos arremete diretamente à aristocracia dos anos 20 e 30 é o uso do monóculo. Símbolo de homens ricos e poderosos o monóculo nos liga diretamente com uma época em que a moda era extremamente peculiar. Soma-se a isso a presença do sapato de duas cores e a indefectível cartola. Há detalhes menores, que pude perceber apenas ao fotografar de perto a peça. Caso, por exemplo, da posição do dedo mínimo da mão esquerda (a que se apóia no Guarda-Chuva) em extensão, vista na foto de número 06 desta matéria. O detalhe é mínimo, mas acentua a postura de orgulho e certa soberba. Menção também deve ser feita ao guarda-chuva muito bem modelado que, além de ser marca registrada do Pinguim, ajuda a compor seu visual.

Miniatura DC Nº 25 - Pinguim

O Pinguim foi criado em 1941 por ninguém menos que Bill Finger e Bob Kane, a mesma dupla criadora do Batman. Pertencente à galeria de vilões do Homem-Morcego ainda em formação, o Pinguim teria sua origem contada apenas anos mais tarde. Oswald passou por diversos momentos difíceis em sua infância. Filho de um casal proprietário de uma loja de Aves Exóticas, Oswald perdeu o pai para uma pneumonia mal curada. Sua mãe, assombrada por este fato, exigiu que seu filho usasse constantemente um guarda-chuva, mesmo nos dias em que não havia nenhuma perspectiva de mal tempo. O uso constante do guarda-chuva, seu biotipo gorducho e um andar ligeiramente engraçado, fez com que o pequeno Oswald fosse vítima de constantes intimidações e chacotas. Sofrendo muito, seus únicos amigos eram as aves da loja de sua mãe, com as quais passou a desenvolver uma estranha ligação, pois parecia até que havia um entendimento mútuo entre ele e os pássaros. Isolado, sozinho e sem muito apoio de sua mãe, Oswald teve um vislumbre de seu futuro ao observar uma cena no ninho de um pássaro da loja certa vez. Ele percebeu que de uma ninhada de várias pequenas aves, o filhotinho menor e mais desajeitado era o que recebia constantemente bicadas dos maiores. Oswald percebeu então que se não fizesse alguma coisa, este seria seu destino: ser continuamente obliterado e violentado pelas outras pessoas.

Miniatura DC Nº 25 - Pinguim

De todos os valentões da escola o que mais se destacava em maltratar Oswald era um garoto chamado Sharkey. Decidido a não mais ser tratado assim, Oswald passou a treinar seu corpo e sua mente para se movimentar mais rápido e agir mais rápido, com a sabedoria de um estrategista. Depois de um tempo, ele já tinha força a agilidade impressionantes para seu pequeno e volumoso corpo. Certo dia Oswald enfrentou o bullying de Sharkey e lhe deu uma surra, vencendo assim, pelo menos aparentemente, seu rival. Tudo parecia que seria diferente para Oswald. No entanto, o indignado e humilhado Sharkey tratou de perpetrar sua vingança matando todas as aves da loja da mãe de Oswald. Daquele ponto em diante Oswald decidiu que custasse o que custasse ele chegaria ao topo e jamais sofreria daquela forma. O primeiro ato criminoso do vilão foi roubar dois valiosos quadros que foram divididos com um chefão do crime de Gotham City. Oswald passaria a ser como que um "estrategista" deste chefão. Com o tempo, no entanto a influência da brilhante mente de Oswald passou a capitanear a admiração dos subalternos da gangue. Sentindo-se ameaçado a poderoso chefão do bando tentou matar Oswald, no entanto quem acabou morto foi ele mesmo. Com isso o agora poderoso Oswald, já sob a alcunha de Pinguim, passou de ajudante à líder de uma organização criminosa.

Miniatura DC Nº 25 - Pinguim

Os negócios criminosos do Pinguim sempre envolveram o alto escalão da sociedade. Especializado em extorsão, roubo e chantagem, rapidamente ele passou a chamar a atenção do Cruzado Encapuzado. Muitos foram os confrontos envolvendo Batman e o Pinguim. Todos baseados em estratégia, inteligência e às vezes senso de humor. De todas as encarnações do personagem talvez a mais famosa tenha sido a interpretação dada ao Pinguim pelo ator Burgess Meredith no seriado Batman de 1966. Apesar de muito cultuada, a série sofreu grande influência da época, que ainda se via às voltas com o Authority Code. O que impedia que os personagens alcançassem outros níveis de dramaticidade. Com isso, todos eles apareciam caricatos e espalhafatosos. Mesmo assim, a série foi responsável por influenciar toda uma geração.

Miniatura DC Nº 25 - Pinguim

Em 1989, o roteirista Alan Grant (responsável por importantes histórias do Homem-Morcego na década de 80) escreveu sobre as origens de alguns vilões do Batman, dentre eles o Pinguim. Reunidas em um encadernado chamado Origens Secretas - Os Maiores Vilões de Gotham, o volume traz um história muito boa que mostra o reencontro de Oswald com sua nêmese de infância, ninguém menos que Sharkey. Em um esquema de flashbacks, a narrativa nos mostra boa parte da infância difícil de Oswasld, enquanto Sharkey vai sendo torturado pelo Pinguim. Este volume foi recentemente relançado no Brasil pela editora Panini e vale a pena ser lido.

Miniatura DC Nº 25 - Pinguim

Conhecer a história por trás de vilões como o Pinguim nos coloca em "cheque" quanto a forma de atuar do super-heróis. Os métodos do Batman por exemplo, embora necessários, muitas vezes desconsideram o passado e as escolhas (talvez inevitáveis) que alguns vilões tomaram e que foram determinantes na formação de seu caráter. Isto faz com que, de certa forma, os ideais do Batman e de diversos outros heróis também devam ser colocados à prova. Já que muitas vezes são maniqueístas e simplistas.

Bom amigos... É isso! Um grande abraço à todos!!

11 comentários:

  1. Parabéns Marcelo,

    Voltou afiado com esta bela matéria do Pinguim, a peça realmente é genial, uma das mais belas da coleção.
    Como não conheço muito o universo DC, pois tive mais acesso ao Marvel, estas matérias são de total deleite para mim, pois posso conhecer bem mais estes personagens que conheci mais nos desenhos e filmes, e aquele Pinguim do DeVito é péssimo, chega a ser nojento.

    Pelo que pude ver o pinguim da Série Gotham se aproxima muito mais do personagem, por enquanto só vi a primeira temporada, mas ao ler esta matéria achei muito parecido.

    Abraço Marcelo e que você sempre encontre inspiração e tempo para redigir estes belos textos.

    Vou aproveitar para me juntar ao leitor que pediu para você (se possível), fazer um apanhado geral de como andam os quadrinhos ultimamente e até mesmo nos propor um guia de leitura, pois eu também não leio há bastante tempo e nem sei por onde começar, minhas ultimas leituras foram: Vingadores Versus X-Men, um Pouco de Novíssimos x Men, e uma história com o Arcade estilo Jogos Vorazes, e mesmo assim não estou sabendo nada do contexto atual.

    Abraços!

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    1. Opa!! Olá Wellington! Cara... Desculpe a demora em responder. As coisas aqui em casa estão corridas depois da chegada do pequeno! rs rs

      Valeu pelo comentário!! Agradeço e fico contente que tenha gostado!!

      Acho interessante fazer essas matérias porque a carga mitológica atrás de cada personagem é grande. E não dá para ler tudo o que saiu sobre eles lendo as inúmeras HQs. Por isso tais resumos nos situam e nos dão perspectiva.

      Acho que você tem razão ao comparar o Pinguim da série Gotham com o original dos quadrinhos. Tenho esta mesma percepção.

      Sobre sua sugestão de uma matéria sobre por onde começar a ler quadrinhos eu diria que seria algo bem interessante mesmo. Confesso que com o tempo fui abandonando aos poucos o que sai atualmente pois há muito material clássico muito bom sendo lançado. Posso tentar sim trazer alguma coisa sobre por onde começar. Ou então dar uma geral nesse material clássico.

      Agradeço muito a presença, as dicas e sugestões!

      Valeu Wellington!

      Marcelo

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  2. Você pretende pegar alguma mini das coleções de TWD, GOT e Sr dos Anéis? Eu queria pegar algumas de cada, os personagens que mais gosto, mas o preço ta caro demais. E pelo que vi, as minha de TWD estão bem ruins, sem falar que não estão chegando em banca.

    De Marvel e DC, só pretendo pegar Constantine. Queria pegar Zattana, Desafiador e alguns Asgardianos, mas o bolso não aguenta.

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    1. Olá!!

      Tudo bem? Cara... Putz... Provavelmente não vou pegar nada destas coleções que você cita. Apesar de gostar. Como as opções hoje são tantas a gente acaba tendo que priorizar aquilo que realmente não pode deixar passar. Como meu foco é super-heróis tradicionais e HQs estou tendo que me fixar nisso.

      Pelo pouco que vi, realmente a qualidade destas peças não é das melhores mesmo. O que é triste pois são personagens extremamente importantes para cultura pop atual.

      O bolso realmente está "pedindo pista"! rs rs rs

      Abração!

      Marcelo

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  3. Obrigado pelas informações.

    Marcelo

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  4. Boa tarde, amigo! Muito bom o seu blog! Vou aproveitar o espaço para tirar uma dúvida aqui: no que se refere aos lançamentos em banca, em qual número está a coleção de miniaturas da DC? Pergunto isso porque estou interessado na do John Constantine, que é a número 115...

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    1. Olá Eduardo!

      Tudo bem?

      Agradeço a visita e fico contente que tenha gostado do blog.

      Sobre sua pergunta, nas bancas de São Paulo a última peça foi a de número 94 - Homem Hora. Caso você decida esperar a do Constantine chegar em banca vai demorar um pouco, pois a do Constantine é de Nº 115. Caso decida por ter a peça logo a opção seria compra-la pela Loja Virtual da Eaglemoss, pois lá ela está disponível para venda junto com outra, a o Homem Negativo. O chamado Pack Eaglemoss. Este pack (Constantine + Homem Negativo) é o de Nº 13.

      Abraços Eduardo!

      Marcelo

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    2. Obrigado pela resposta! Bom, eu moro em Goiânia, portanto aqui vai demorar bem mais para chegar a peça do Constantine (ontem olhei na banca e ainda está na peça do Arqueiro Vermelho). O problema é que no site não vende o Constantino em separado e não quero comprar a do Homem Negativo. O jeito é esperar uns 2 anos para comprar por aqui rsrsrs... Abraço!

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    3. Oi Eduardo...

      Puxa... Realmente a coleção começou em tempos diferentes a depender da cidade, isso eu creio que explica nas bancas de Goiânia você encontrar uma peça diferente da que está nas bancas de São Paulo.

      Os Packs realmente tornou-se uma estratégia de venda complicada por parte da Eaglemoss. O que deixa há muitos muito chateados, sobretudo aqueles que não querem fazer a coleção inteira. Uma notícia boa é que muitos packs que já saíram acabaram por serem desmembrados e atualmente constam no site em separado. Isso pode acontecer com o Constantine e Homem Negativo também.

      Valeu Eduardo!!

      Apareça sempre!

      Conheço seu trabalho do Site Marvel 616. Sou amigo do Coveiro e da Cammy.

      Valeu mesmo!

      Marcelo

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