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domingo, 30 de outubro de 2016

Miniatura DC Série Especial Nº 09 - Etrigan

Miniatura DC Especial Nº 09 - Etrigan

Usar as forças das Trevas numa estranha simbiose com as forças do bem é um expediente que foi utilizado no passado e que nos choca (pelo seu contrassenso) até os dias de hoje. Nessa estranha esteira nasceram dois personagens criados na mesma época, o Motoqueiro Fantasma da Marvel e Etrigan, o demônio. Gerado pela Lenda Jack Kirby em 1972 durante sua profícua passagem pela DC, Etrigan nasceu logo após o encerramento das revistas de Kirby ligadas ao 4º Mundo. Nascido no inferno e condenado a viver atrelado à uma prisão de carne, Etrigan é um enigma ainda em nossos dias. Diferentemente do Motoqueiro Fantasma que possui uma missão definida de punir o mal no coração dos homens, Etrigan parece jogar dos dois lados (do mal e do bem) sempre a serviço de ninguém menos que a si próprio. Seu poder assusta mesmo seu pai infernal e por isso suas ações sempre foram cerceadas pela sua família como veremos abaixo. Conheçamos então o bestial ETRIGAN!!

Miniatura DC Especial Nº 09 - Etrigan

Falando primeiramente de sua peça dentro da Coleção de Miniaturas DC da Eaglemoss, Etrigan foi lançado dentro do Segmento Especial desta coleção. Sua peça é confeccionada em resina e, de minha parte, acabei por ceder à esta mudança de material proposta pela Eaglemoss à mando (segundo ela mesma) da DC. De qualquer forma a peça é bem interessante apesar do material. Embora leve, a peça tem consistência ao olhar, provavelmente por determinados detalhes como "veias" e "artérias" aparecendo ao longo das pernas e mãos desnudas do personagem. Além disso, o tronco traz anatomia evidente com abdominais, peitorais e costelas bem definidos, o que ajuda em uma percepção de robustez. Ainda que essa robustez se desfaça um pouco quando examinamos a peça em nossas mãos, pois seu peso denuncia seu material.

Miniatura DC Especial Nº 09 - Etrigan

Outros destaques ficam por conta da musculatura dos braços da fera, dois potentes "troncos" musculares bem definidos que demonstram a força motriz e potencia de um golpe da esperta e bestial criatura. Gostei muito do aspecto da capa também. Rasgada e cheia de furos ela aparece como que em um movimento para trás, insuflada por um vento infernal imaginário, com o personagem em uma posição de ira dirigida para cima, como que a gritar uma insolência ou ódio para alguém. Outra leitura da posição de Etrigan nesta figura é a de um delírio de êxtase durante uma batalha, em que o personagem se detém apenas alguns segundos para dirigir para cima sua satisfação diante de sua obra. Ou seja, duas possíveis interpretações para sua postura nesta peça. Gostei disso. Por fim, queria fazer menção à dois últimos detalhes, primeiro o "rasgo" em sua roupa no peitoral e braço direito, evidenciando o recrudecimento de alguma batalha, e em segundo as estranhas e aparentemente dissonantes "botinas" que Etrigan veste. No final este é um detalhe de mestre, já que em nosso inconsciente esse tipo de acessório nos arremete à contos de fadas o que, de certa forma, é também o reino de demônios e anjos. Incrível como que visual e conceito estão totalmente atrelados no sucesso de um personagem.

Miniatura DC Especial Nº 09 - Etrigan

Mas quem é Etrigan? De que poço infernal ele nasceu? Viajemos então há 2.000 anos atrás e conheçamos a gênese da enigmática criatura. Há cerca de dois milênios atrás, Belial (um grande demônio do inferno) tentou conquistar regiões infernais além de sua jurisdição. Nesta campanha enfrentou diversas resistências, dentre elas uma das piores foi a da Rainha Serpente Ran Va Daath. No entanto, a sangrenta resistência imposta por Va Daath acabou por gerar em Belial um sentimento de admiração e desejo. Assim, pela união impensável dos dois nasceu Etrigan. Após seu nascimento, Belial condenou sua amante à uma prisão para mante-la afastada de seus planos. Para se proteger da inominável fome pelo caos e destruição de Etrigan, Belial conferiu a seus dois outros filhos, Merlin e Scapegoat, imunidade a quaisquer ações de Etrigan. Por hora tudo estaria controlado. O tempo passaria e avançaria até o ano de 560 d.C. na corte do lendário e mítico Rei Artur da Bretanha.

Miniatura DC Especial Nº 09 - Etrigan

Já no fim da vida de Artur, o grande Merlin havia se convencido da integridade e clareza do sonho do Rei de uma Bretanha unida e próspera. Apesar de seu apoio à Artur, Merlin não percebeu a real ameaça que estava por perto, a Feiticeira Morgana Le Fey e seu ajudante Mordred. Com o fim da vida de Artur, Le Fey avançou em uma batalha épica sobre Camelot, para destruir e dominar tudo que Artur havia construído. No final da batalha , quando restava apenas a fortaleza de Artur, onde Merlin escondera-se, o Mago conjurou a única criatura que conhecia capaz de enfrentar as hordas selvagens de Mordred: Etrigan!! Para resguardar o resto da humanidade da fúria de Etrigan, no entanto Merlin engendrou um estratagema, durante a batalha o Mago submergiu Etrigan para dentro de um mortal, Jason Blood. A arrasada Camelot e Merlin caíram no esquecimento e o vento do tempo os levaram para os livros de história. Etrigan, no entanto vivia dentro do mortal Blood, um homem que passou a ser imortal, porém desnorteado e sem entender o porque isso acontecia com ele. Assim, Blood viveu durante séculos, passando a buscar o bem da humanidade, porém sempre assolado por sonhos horríveis e tendo sua psiquê sempre invadida pelo demônio em seu interior.

Miniatura DC Especial Nº 09 - Etrigan

Durante esse tempo Etrigan submergia para esmagar ameaças à humanidade que a mente de Blood julgassem grandes demais para ele, ou quando seus dons sobrenaturais considerassem necessário a presença do demônio. Durante o Século 20 Blood estabeleceu-se em Gotham City como parapsicólogo, tendo como amigos apenas Glenda Mark e Harry Matthews. Nesta época, Le Fey que ainda vivia por meio de feitiços de imortalidade tentou recuperar seu poder, desencadeando a necessidade de Etrigan submergir com toda sua força, novamente guiado por Merlin que sempre estivera nos bastidores. Embora Le Fey novamente tenha sido frustrada em seus planos em pleno Século 20, o delicado equilíbrio entre Blood e Etrigan tornou-se mais frágil ainda. Esta foi uma fase de parceria entre Blood e Batman, e até mesmo algumas ações conjuntas com Superman e Mulher-Maravilha. Foi nessa época também que o poder de Etrigan começou a crescer e no inferno ele foi promovido a Demônio Rimador, passando a falar em rimas. Uma importante honraria dentro da hierarquia infernal.

Miniatura DC Especial Nº 09 - Etrigan

Jason Blood e Etrigan chegaram até mesmo a se separ durante o ápice de um intrincado plano de Etrigan para se ver livre de Jason. Durante este arco Jason precisou ir até o inferno para salvar sua amiga Glenda, o que fez com que a prisão de carne de Etrigan se afrouxasse libertando-o definitivamente de Blood. Tudo poderia então finalmente acabar para Jason, que passara a compreender cada vez mais seu destino maldito ao lado de Etrigan. No entanto, o já envelhecido Jason teria que se unir mais uma vez à seu calvário (Etrigan) durante a Saga Odisséia Cósmica. Passados os eventos de Odisseia Cósmica a convivência entre Blood e Etrigan em uma mesmo corpo era um calvário para ambos, o que fez com que Etrigan conseguisse infringir mais dor à Blood ao fazê-lo perder sua amada Glenda. No entanto, Jason não deixou barato e roubou o coração de Etrigan, sua fonte de poder. Assim, Jason voltou a lutar contra o mal tendo ajudado até a Liga da Justiça.

Miniatura DC Especial Nº 09 - Etrigan

Todos estes acontecimentos, mais a estranha história original elaborada por Kirby, fazem de Etrigan e Jason Blood personagens complexos e até difíceis de serem trabalhados. Porém, quando na mão de bons escritores, somos presenteados com histórias fantásticas. 

Etrigan e Blood parecem ligados em seus destinos, criando uma estranha dualidade: Um Homem com uma besta ligada à sua alma e psiquê e um Demônio incapaz de se ver livre de uma consciência humana que é incapaz de vencer. Deste binômio surge uma simbiose destinada a derrotar males maiores do que eles próprios representam.

Um grande abraço à todos!!

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Quadrinhos Antigos da Editora Media Pixel

Nº 01 - O Fantasma - "Piratas do Céus: A Saga Completa"Nº 02 - O Fantasma - "O Fantasma vai à Guerra" e "Os Japoneses Invadem Bengala"; Nº 03 - O Fantasma - "O Tesouro do Fantasma"Nº 04 - O Fantasma - "Suzie".

Olá amigos... Passando despercebida por muitos, a Editora Media Pixel vem lançando desde 2013 encadernados de uma época longínqua das Histórias em Quadrinhos. Uma época em que a 9ª Arte construía sua identidade e dava seus primeiros passos. Os encadernados trazem histórias do Lendário Espírito que Anda (O Fantasma) e do elegante Mandrake. Cobrindo principalmente as décadas de 30 e 40, as HQs são verdadeiros baús de segredos em que podemos desde nos divertir até captar vestígios contundentes do "espírito" daquele tempo (o Zietgeist da época), além é claro de serem um registro de valor histórico incrível. Os encadernados trazem prefácios riquíssimos escritos por pessoas que amam de verdade o Universo de Lee Falk: Rodrigo Fonseca (crítico de cinema, escritor e fã do Espírito que Anda e dos Feitiços do Mandrake), Daniel Stycer (editor) e Otacílio d´Assumção (Cartunista). Estes extras iniciais de cada volume introduzem de forma perfeita o leitor ao mundo da época e vão além, ao dimensionar os personagens dentro deste universo. 

 Nº 01 - Mandrake - O Mágico - "O Mundo do Espelho" e "Outras Histórias";  Nº 02 - Mandrake - "O Barão Kord" e "A Ilha dos Mortos-Vivos"Nº 03 - Mandrake - "Mandrake entre as Múmias".

Além de tudo, não posso deixar de mencionar os desenhos emblemáticos de Ray Moore, Wilson McCoy e Phil Davis. O traço destes mestres são registros vivos de um estilo característico da Era de Ouro dos Quadrinhos, outro aspecto que torna este material inestimável. Por fim, gostaria apenas de mencionar um aspecto ligado às datas de lançamento destes encadernados. Algum tempo após a chegada destes volumes às bancas, a Media Pixel lançou novamente estes mesmos títulos, só que em capa-dura. Os anos de lançamento aqui registrados dizem respeito ao lançamento que ocorreu primeiro, ou seja, em capa cartonada. 

Bem... Aqui estão verdadeiros tesouros que discretamente podem ser encontrados em simples e empoeiradas bancas das cidades. Relicários e Máquinas do Tempo ao nosso alcance...

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Miniatura DC Nº 23 - Rastejante

Miniatura DC Nº 23 - Rastejante

Insano, instável e até um pouco assustador, o Rastejante é um dos personagens mais estranhos do panteão da DC. Criado em 1968 por ninguém menos que Steve Ditko (!!!), o Rastejante é a expressão máxima da cisão de uma personalidade. Seu alter Jack Ryder, traz em seu passado uma infância influenciada pela esquizofrenia paranoide da mãe e o brilhantismo jornalístico do pai. Ao crescer, um violento evento liberaria algo de dentro de Rayder, algo semelhante à uma força anárquica da natureza, algo violento, imprevisível e com um senso profundo de justiça, herança da personalidade de Jack. Hoje investigaremos sua peça dentro da Coleção de Miniaturas da DC Eaglemoss, e alguns fatos que culminaram com a criação do bipolar Rastejante.

Miniatura DC Nº 23 - Rastejante

O visual do Rastejante, e a miniatura que o representa na coleção, são tão estranhos e até "carnavalescos" quanto alguém poderia pensar. Parecendo uma "mariposa colorida" em rota de colisão suicida com uma lâmpada, o personagem oscila entre uma aparência cômica e até demoníaca. Talvez o destaque maior da peça seja uma estrutura parecendo uma "juba" que inicia-se ao redor do pescoço e cresce ao descer ao longo das costas. A peça apresenta esta "juba" de forma bem interessante e imponente. Os demais adereços estão presentes, luvas e botas vermelhas que terminam em um conjunto de franjas escuras que tentam passar (na minha concepção) um aspecto felino ao visual.

Miniatura DC Nº 23 - Rastejante

Os cabelos verdes contrastam com a malha amarela que envolve o corpo do personagem. Um cabelo verde que, aliás tem uma surpreendente herança conhecida dos fãs da DC e que mais abaixo comentarei. Os limites da pintura da peça poderiam ter sido melhor respeitados. Podemos ver que, principalmente nos sapatos do Rastejante, há interferências de uma tinta escura provavelmente usada na base da peça. A postura adotada pelo herói (ou anti-herói) é de uma semi-flexão de joelhos e quadril. Uma posição extremamente difícil de ser mantida por muito tempo por qualquer ser humano normal. Essa posição impões um gasto energético muito grande na musculatura dos membros inferiores e quadril. No entanto, essa é a posição (de semi-agachamento) em geral adotada pelo Rastejante nos quadrinhos. Um postura quase simiesca. Um detalhe que traz uma atmosfera animalesca para o Rastejante (quem sabe daí seu nome).

Miniatura DC Nº 23 - Rastejante

Mas qual a história por trás deste insano personagem que, apesar de aparência e instabilidade, é que conhecido como "herói" na DC? Jack Ryder (o homem por trás do Rastejante) seguiu os passos de seu pai e se tornou um eminente jornalista que possuía como grandes características sua implacável força de descobrir a verdade, sua vontade de expor a hipocrisia de personalidades, sua vaidade e arrogância. Ou seja, podemos perceber que Steve Ditko criou um personagem cheio de ambiguidades. A carreira de Jack deslanchou quando ele mudou-se para Gotham City e passou a ser âncora de um programa sensacionalista de TV chamado Você Está Errado. Ao perseguir reportagens cada vez mais ousadas, Jack invade as instalações onde um pesquisador (Vincent Yatz) financiado pela máfia desenvolvia pesquisas genéticas. Durante esta invasão Jack se depara com um tiroteio, possivelmente uma queima de arquivo à mando da própria máfia. No calor da confusão Jack usa Yatz como escudo humano e este, por sua vez, injeta em Jack sua fórmula de terapia experimental de nanocélulas na tentativa de salva-la dos invasores.

Miniatura DC Nº 23 - Rastejante

Jack consegue escapar do tumulto mas é caçado, alvejado e jogado em um precipício pelos mafiosos. Minutos depois os criminosos ouviriam uma gargalhada de gelar o sangue, nascia o RASTEJANTE. Uma criatura de roupa extravagante, de olhos insanos, com super força e uma capacidade impressionante de se regenerar, algo como um fator de cura turbinado. Apesar da instabilidade aparente, o personagem mostraria com o passar do tempo uma inclinação para atuar contra a hipocrisia e sujeira que reina no submundo de Gotham. Isso, você já deve estar se perguntando, fez com que em algum momento ele e Batman cruzassem caminhos. A relação entre Batman e o Rastejante sempre foi interessante e cheia de desconfianças por parte do Cruzado Encapuzado, no entanto com o tempo o Guardião de Gotham aprendeu a confiar na inclinação para o bem do Rastejante. Isso lhe rendeu até uma indicação para integrar a Liga da Justiça, algo que proporcionou um cargo de suplente ao Rastejante.

Miniatura DC Nº 23 - Rastejante

Mas e Jack Rayder? Apesar do comportamento maníaco e instável do Rastejante, Jack conseguia retornar à sua forma normal após seu período de atuação como herói na pele do Rastejante. No entanto, sua vida se transformaria numa bagunça em função de um temperamento errático que Jack passou a adotar. Isso acentuou-se quando o Rastejante re-encontrou Vincent Yatz e ficou sabendo que o pesquisador havia usado elementos da fórmula do gás do riso do Coringa para compor sua fórmula que agora residia no corpo de Jack. Isso poderia explicar os cabelos verdes ou mesmo seu comportamento? Na verdade não sabemos. Ao que tudo indica o Rastejante é produto de um metabolismo e de uma herança genética já assolada pela doença mental que ao entrar em contato com a fórmula de Yatz liberou o maníaco herói das entranhas de Jack.

Miniatura DC Nº 23 - Rastejante

Particularmente para mim, o Rastejante é um personagem pouco conhecido. Nunca li uma história dele ou que o contenha, o que me fez ter grande prazer em estudar sua história para compor essa matéria. De qualquer forma, acredito que sua ambiguidade e personalidade maníaca tem muito a ver com nosso tempo. Um tempo em que heróis ou anti-heróis como Deadpool parecem cair no gosto do público justamente por serem politicamente incorretos e assim desafiar legalismos e comportamentos hipócritas. Por isso acredito que o Rastejante teria um lugar muito fácil no atual universo cimatográfico da DC.

Miniatura DC Nº 23 - Rastejante

Bem amigos... Essa é a história do surpreendente, urbano, maníaco e ambíguo Rastejante. É isso aí. Deixo um forte abraço à todos!!!

domingo, 9 de outubro de 2016

A Tragédia de Jean Grey


Em agosto de 1983 chegava às bancas da pequena cidade em que eu morava do Mato Grosso do Sul a edição Nº 14 de Superaventuras Marvel (SAM). A capa tinha um tom marrom claro que destacava lindamente figuras exóticas, heroicas, jovens e acima de tudo poderosas! Cheias de talento. Na época, com 12 anos de idade eu já era um ávido consumidor dos quadrinhos de super-heróis da Ed. Abril. Todos que viveram aquela época sabem do que estou falando... Uma época em que as revistas eram esperadas com uma angústia que era satisfeita de forma completa quando víamos exposta uma nova edição das revistas Heróis da TV, Superaventuras Marvel, Capitão América e Hulk nas bancas. Logo, não tardaria para chegar também a revista do Homem-Aranha e por fim a turma da DC.

Superaventuras Marvel Nº 14 - Agosto de 1983

Nesta edição de SAM fiquei maravilhado com a equipe de Mutantes chamada X-Men. Na época nem sabia que esta já era a 2ª formação da equipe. Impressionei-me mais ainda com o fato de cada personagem vir de um país diferente, trazendo suas experiências culturais, dramas, dores e alegrias. Tudo ao comando do líder Ciclope. A história dos X-Men que havia dentro de SAM Nº 14 mostrava os Mutantes sendo capturados por Arcade (um assassino que usava sua fortuna para satisfazer seus prazeres homicidas). A aventura era fantástica em todos os sentidos!! Arcade sabia a fraqueza de cada X-Man e tudo era perfeito ao traço do lendário John Byrne (um nome que eu também nem sabia o peso que tinha na época). A história acabava com um gosto de quero mais. Infelizmente, na edição seguinte de SAM (Nº 15 - Setembro de 1983) a revista já trazia aventuras de outros personagens... e com isso levei comigo as indagações: "O que acontecia depois desta história!!!???", "O que havia acontecido antes!!!???". Pois eu esperaria 33 anos para saber isso...


Em 2016 vimos chegar ao Brasil dois encadernados que juntos formam (literalmente) uma das fases mais áureas dos X-Men em minha opinião, são eles: Magneto Triunfa e A Saga da Fênix Negra. Embora lançados de forma invertida (primeiro saiu A Saga da Fênix Negra em Janeiro de 2016 e depois, em Junho de 2016, Magneto Triunfa), a leitura correta deve ser 1º Magneto Triunfa e só depois A Saga da Fênix Negra. Quando adquiri esses dois encadernado minha primeira pergunta era "Será que conseguirei ler novamente aquela história do Arcade, agora contextualizada no que veio antes e depois!?". Pois para minha surpresa a resposta foi SIM! Estes dois encadernados trazem uma das fases mais trágicas, profundas e emblemáticas dos X-Men. Uma fase cujos acontecimentos reverberam até hoje na vida dos Mutantes.


Magneto Triunfa é simplesmente o material que consegue descortinar todos os acontecimentos que levariam Jean Grey a perder a batalha para a força da natureza cósmica que habitava dentro de si, A Fênix. A leitura deste encadernado mostra a insidiosa figura que se insinuou sorrateiramente pela mente de Jean e aos poucos fez com que todas as barreiras psíquicas que o Prof. Xavier havia instalado na mente da linda mutante fossem, aos poucos, destroçadas. A importância deste arco é imensa ao apresentar um entendimento mais profundo sobre a interação da ainda jovem equipe mutante. Ao final de Magneto Triunfa é possível sentir a incrível tragédia que culmina em A Saga da Fênix Negra. É também ao final de Magneto Triunfa que pude rever minha preciosa história publicada em SAM Nº 14 em 1983, trazendo o Arcade e sua tentativa de destruição de todos os X-Men. Ali, pude entender como e onde esta história se encaixava e atribuir-lhe importância maior ainda!!


Os encadernados trazem também Extras que nos permitem entender a importância desta saga para todos os fãs da Marvel no final dos anos 70 (época em que saiu originalmente nos EUA). Seria impensável imaginar naquela época a possibilidade de uma X-Man tão importante como Jean Grey morrer. Mesmo hoje quando você lê essas páginas, temos a crença que tudo, no final, acabará bem. Que os autores não terão coragem de deixar Jean morrer vítima da própria sina. Só que não... A tragédia acontece e é potencializada pela forma que ocorre, ou seja, com a anuência de muitos dos amigos da moça, ao verem o potencial genocida que ali se esconde.


Outro Extra extremamente precioso dentro do encadernado A Saga da Fênix Negra é a história alternativa que foi pensada originalmente por Chris Claremont e John Byrne na qual Jean Grey sobrevivia (!!!).  Uma história que Jim Shooter, editor-chefe da Marvel na época, não permitiu que ganhasse a luz do dia, uma vez que entendia como imperdoáveis os atos cometidos pela Fênix Negra. Assim, uma das mais densas e fantásticas epopeias foi concluída de forma trágica e poderosa.

Ler esses dois encadernados nesta ordem, primeiro Magneto Triunfa seguido de A Saga da Fênix Negra, permitirá à todos, um mergulho profundo no coração do que a 9ª Arte produziu de melhor no Século XX.
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