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domingo, 30 de novembro de 2014

O Fim da Infância



Nos depararmos com nossa solidão no cosmo e com as razões que determinam nossa existência como espécie se constituem nos pensamentos mais aterradores com os quais podemos nos deparar. Qual o significado de nossa espécie? Por que conseguimos perscrutar a imensidão do cosmo e ao mesmo tempo somos tão limitados em nossa fragilidade. Temos asas mas não conseguimos voar. Ao mesmo tempo arranhamos a superfície de mistérios sobrenaturais que nos fascinam, mas que também não se abrem para nós. É como se nossa espécie tivesse uma tendência à metafísica, porém incapaz de chegar ao seu verdadeiro significado. Pois em O FIM DA INFÂNCIA, Arthur C. Clarke traz uma história que aborda esses mistérios existenciais e que, nas palavras do Jornal Los Angeles Times, se constitui em... "Uma História terrivelmente lógica, crível e assustadoramente profética...". Um grande clássico da ficção científica que a Editora Aleph lançou já há algum tempo e que merece ser lido, comentado e refletido no íntimo de nossas almas.

 

 A metáfora a que o nome do livro faz menção traça um paralelo incrivelmente correto. O fim de nossa infância como indivíduos é marcada por dois grandes sentimentos: o LUTO pela perda de nossa inocência, pela perda de nossa ignorância a respeito do nosso papel no mundo; o segundo sentimento é o de excitação frente ao desconhecido que nos aguarda. Em O Fim da Infância a humanidade é lançada em um redemoinho de sensações ao se deparar com a chegada de enormes naves em diversas cidades ao redor da Terra. O terror e a fascinação tomam conta dos homens ao perceberem pela primeira vez que nossa civilização talvez não ocupe o local de destaque como sempre pensamos.


Diferentemente de outras histórias de ficção envolvendo invasões alienígenas, O Fim da Infância é diferente de todas elas ao não cair no senso comum de raças extraterrestres imperialistas e movimentos humanos contrários de resistência. Em O Fim da Infância, Arthur C. Clarke é mais inteligente ao manter a raça que nos visita em um completo mistério em até boa parte do livro e, mesmo quando revelada, seus verdadeiros objetivos parecem escapar do nosso entendimento. Clarke parte da ideia de que o avanço tecnológico dos aliens é tão vasto que não há sentido na conquista ou mesmo na utilização de nossas parcas conquistas. Qual seria então seu interesse?


A ficção de Arthur C. Clarke é elegante e se diferencia ao ousar tocar em mistérios profundos da existência humana. O autor não fica apenas no campo da ciência, mas avança sua narrativa para situações que nos forçam a pensar em questões filosóficas profundas e insondáveis. À semelhança de sua obra mais conhecida 2001 - Uma Odisseia no Espaço, O Fim da Infância possui um caráter profético sim, ao propor uma razão muito plausível para o "PORQUE" de nossa existência nesse universo tão vasto e complexo. Uma razão incrível, maravilhosa, triste, melancólica e ao mesmo tempo fantástica!!


O Fim da Infância é um livro para se ler e se debater com amigos. A possibilidade do autor estar correto em suas suposições é aterradoramente crível. Uma história para se ler e se refletir no silencio de nossas almas (caso tenhamos coragem para isso!!).

domingo, 23 de novembro de 2014

A Saga Fundação - Parte VII: ORIGENS DA FUNDAÇÃO


Como um círculo perfeito que se fecha, Origens da Fundação traz os acontecimentos que ocorreram imediatamente antes do 1º livro da Saga da Fundação de Isaac Asimov, FUNDAÇÃO. Lançado em 1993, pouco depois de sua morte, Origens da Fundação é uma obra que conta todos os acontecimentos que ocorreram em paralelo ao desenvolvimento da ciência da psico-história, o grande legado do principal personagem da saga, o matemático Hari Seldon. Sensível, dramático e com diversas revelações, o livro é um excelente final para a Saga, supondo que ela tenha sido lida na ordem cronológica de lançamento. Nessa ordem o leitor terminará sua leitura com a morte de Hari Seldon, acontecimento não relatado no 1º livro, mas que ocorre após suas primeiras páginas.

Holograma de Hari Seldon dentro do cofre do tempo - Mensagens para o futuro distante

Muitas coisas são explicadas em Origens da Fundação, como por exemplo como Seldon percebeu e implementou a ideia de construir uma 2ª Fundação constituída de homens e mulheres com poderes mentais, os mentálicos. É revelado também o fim do grande amor de Seldon, Dors Venbili, bem como de seu único filho adotivo Raych Seldon. As últimas mensagens que Seldon gravou antes de sua morte com a ajuda de Gaal Dornick também são mostradas rapidamente. Mensagens que seriam lidas no futuro a intervalos distintos separados por décadas na Fundação recém-criada no planeta Terminus. Porém, mais que todos os acontecimentos reveladores do livro, o mais interessante é a descrição da lenta e progressiva chama que vai aos poucos se apagando dentro do coração do matemático. Embora, ele tenha lutado até o último minuto de sua vida para ver seu plano implantado, a consciência cada vez mais clara de seu fim vai carregando cada página do livro de uma sensação de finitude existencial.

Trantor - Planeta revestido por "domos" metálicos. Centro do Império e local de desenvolvimento da psico-história

A Saga da Fundação é, sem dúvida nenhuma, uma obra-prima que mostra o inexorável movimento da história humana impulsionada por forças sociais, econômicas, políticas e comportamentais. Além disso, fala da tentativa do homem de prever, com relativa certeza probabilística (base da psico-história), seu futuro. Uma ficção científica plausível simplesmente por levar em conta a habilidade e inventividade humana na medida certa. Antes de sua morte, Isaac Asimov unificou todo o universo de seus livros dentro do Universo de Fundação, tornando essa saga não apenas uma de suas principais obras, mas também fornecendo base cronológica para todas as outras.


A Saga da Fundação, com seus 07 livros, Fundação, Fundação e Império, Segunda Fundação, Limites da Fundação, Fundação e Terra, Prelúdio à Fundação e Origens da Fundação, constitui-se em uma extraordinária saga que fãs do mundo inteiro reconhecem como uma das grandes obras de Isaac Asimov. Agora podemos ter esperança de vê-la trazida para as telas nas mãos de Jonathan Nolan (irmão de Christopher Nolan) pela HBO. Uma adaptação há muito sonhada por todos, para essa epopeia cósmica que em 1966 ganhou o prêmio Hugo de melhor saga de ficção e fantasia de todos os tempos, concorrendo inclusive com O Senhor dos Anéis de J.R. Tolkien.


Finalizando essa série de matérias sobre a Saga da Fundação, trarei em breve algumas dicas sobre a melhor sequencia para leitura para os livros.

Um grande abraço à todos!

domingo, 16 de novembro de 2014

Interestelar


Em 1968, quando o Astronauta David Bowman sobrevoou o Monolito estacionado na órbita de Júpiter nos minutos finais do filme 2001 - Uma Odisseia no Espaço de Stanley Kubrick, ele mandou uma última mensagem antes de desaparecer para sempre. A mensagem dizia: "Está Cheio!! Está Cheio de Estrelas!!". Desde então, todos que assistiram ao filme têm se indagado o que o Monolito representava, e mais, no que consistia aquele breve e surpreso relato de Bowman, que desapareceu na escuridão no Monolito. Após 46 anos, penso eu que a resposta para essa questão pode ser intuída com grande chance de acerto ao assistirmos a INTERESTELAR (2014) do diretor Christopher Nolan.


Tal qual os demais filmes do diretor, Interestelar leva o espectador a se perguntar quais os limites entre o mundo perceptível e o mundo da intuição, aquele que sabemos que existe, embora não possamos comprova-lo por meio de métodos científicos estabelecidos. Numa Terra devastada e exaurida pelo homem, nossa espécie tenta sobreviver cultivando o que é possível. Imensas tempestades de areia tomam conta do mundo, fruto de um processo avançado de desertificação. As imagens iniciais do filme são belas em sua angústia e desolação, lembrando a melancolia e desesperança de "As Vinhas da Ira" (1940) de John Ford. No filme de Nolan, Matthew McConaughey interpreta Cooper, um fazendeiro e ex-piloto que descobre, a partir de uma anomalia gravitacional no quarto da filha, a localização de uma base do governo onde entra em contato com o incrível plano de se encontrar outro mundo habitável. Essa busca por uma nova casa seria a partir um um "Buraco de Minhoca" que apareceu próximo a Saturno.


"Buracos de Minhoca" são anomalias teoricamente possíveis no Universo. Seriam túneis nos quais o tecido do Universo dobra-se sobre si mesmo, permitindo que alguém que passe por ele viaje distâncias incomensuráveis rapidamente (veja figura abaixo). Tal anomalia é possível, porém para gera-lo e mantê-lo aberto são necessárias quantidade incríveis de energia. Daí a ideia de que alguma civilização avançada teria plantado esse Buraco de Minhoca próximo à Saturno para podermos escapar de nossa Terra moribunda.

Buraco de Minhoca

Tal qual foi visto na obra prima de Kubrick, a sensação de solidão, vazio, e imensidão no espaço profundo pode ser percebida no filme. A confrontação do homem com sua solidão de espécie, bem como a fragilidade da existência são temas presentes em Interestelar e, novamente, chocam o espectador mais sensível que consegue perceber o assombro do Cosmo. Embora, Christopher Nolan foque o externo ao mostrar, através de imagens lindas, o espaço, ele se volta também para o interior, para o drama humano expresso no extinto de sobrevivência e no amor entre as pessoas. No filme esse amor é representado pela relação mais primal que existe, o amor entre pais e filhos, no caso entre Cooper e sua pequena e esperta filha Murphy.


Os Planetas visitados pela tripulação comandada por Cooper mostram como podem ser bonitos, inóspitos e, portanto diferentes de nossa casa aqui na Terra. Paisagens alienígenas são mostradas e causam estranheza ao percebermos o quão lindos e letais esses mundos podem ser. A astrofísica é respeitada em boa parte do filme. A Teoria da Relatividade de Albert Einstein aparece várias vezes. Dentre algumas de suas postulações a Teoria de Einstein mostra que quanto mais perto estamos de objetos extremamente gigantescos, mais há deformações no espaço-tempo, fazendo com que o tempo passe mais devagar para a pessoa que estiver próximo à esse corpo celeste gigantesco. Isso é experimentado por Cooper quando o Astronauta desce por cerca de 45 minutos em um planeta próximo à um gigantesco "Buraco-Negro". Cooper percebe que os 45 minutos na superfície do Planeta custaram 23 anos na Terra onde sua filha está.

O Buraco Negro sendo orbitado por um pequeno planeta. Nossa possível nova casa.

Buracos-Negros são gerados a partir de imensas estrelas que após viverem muito tempo morrem. Toda massa da estrela desaba então sobre si mesmo e a força de atração é tão gigantesca que passa a sugar tudo ao seu redor, até mesmo a luz. Nada sai de um Buraco-Negro, apenas entra. Por isso, é impossível saber para onde vai tanta matéria após ser sugada pelo imenso redemoinho cósmico. Teoricamente é impossível para um ser humano sobreviver caso ele fosse sugado para dentro destes gigantes vorazes. Possivelmente seríamos esmagados pela força gravitacional. Nesse ponto é que possivelmente o filme de Nolan faz uma licença poética, pois Cooper entra sim dentro deste Monstro Cósmico!

Figura Ilustrativa de um Buraco Negro.

Atualmente a física se depara cada vez mais com a ideia de que o Universo é mais complexo do que imaginávamos. Especula-se na verdade que nem exista apenas um Universo, mas vários, uma teoria cada vez mais plausível. A gravidade, embora seja, uma força com a qual convivamos em nosso dia a dia é também uma força mais complexa do que pensávamos. Se antigamente pensávamos que ela poderia ser facilmente definida como uma força de atração entre dois corpos, hoje sabemos que na verdade a gravidade deve ser considerada como sendo a deformidade que o corpo celeste causa no tecido do espaço. Tal qual uma pesada bola de metal faria se colocada em cima de um colchão bem fofo.


Buracos Negros podem ser considerados quando a massa do objeto celeste é tamanha que consegue romper esse tecido. Tal qual visto na figura acima. Assim como Kubrick, Christopher Nolan fez um filme não apenas com o frio da ciência e do academicismo, mas conseguiu juntar a ciência com a singularidade do homem. Segredos profundos como esses, presentes à nossa volta encantam e nos aterrorizam ao mesmo tempo. Em minha opinião o famoso Monolito de 2001 - Uma Odisseia no Espaço é nada mais nada menos do que um Buraco de Minhoca. Um milenar e pré-histórico Buraco de Minhoca deixado lá para que um dia o achássemos. E assim como em 2001, Interestelar sugere algo mais do que nossa simples existência aqui na Terra.



Interestelar deve ser assistido e re-assistido sob a perceptiva da ciência e da filosofia, pois nos coloca novamente contra aquilo do qual sempre fugimos. Ou seja, a razão e o papel de nossa existência no Universo. Perguntas que nos aterrorizam e nos encantam, tanto quanto o Buraco-Negro Supermacivo chamado "Gargantua" no filme de Nolan.


Um grande abraço amigos!!

domingo, 9 de novembro de 2014

Miniatura DC Nº 14 - Charada

Miniatura DC Nº 14 - Charada

Muito associado à fase non-sense do Homem-Morcego, o Charada luta há muito tempo para aumentar seu poder e letalidade no submundo de Gotham City. Portador de um talento especial para criar e solucionar enigmas, o vilão tentou por diversas vezes ascender na hierarquia de crimes, porém sem o sucesso pretendido. Ao lado de vilões como o Coringa, o Charada traz consigo um conjunto de características que o coloca no limite entre a realidade e a obsessão. Sua miniatura na Coleção de Miniaturas de Metal da DC agradou há muitos, inclusive à mim. Repassaremos agora algumas características da peça, bem como alguns elementos-chave de sua mitologia.

Miniatura DC Nº 14 - Charada

A peça apresenta o vilão em uma postura que nos arremete, em muito, à interpretação de Jim Carey em "Batman Forever" de 1995. Uma leitura caricata e extravagante do personagem. Embora o Charada apresente uma tendência teatral inata, no filme de Joel Schumacher isso ficou exageradamente exacerbado, retirando a letalidade e credibilidade do personagem. Infelizmente isso já acontecia desde a época em que fora interpretado de forma bem cartunesca pelo ator Frank Gorshin no Seriado do Homem-Morcego de 1966. Apesar disso, a peça merece respeito e atenção ao representar o vilão em seu terno verde bem alinhado (o que já o afasta um pouco da ideia de amadorismo), sapatos de fivela, luvas, bengala customizada e chapéu coco.

Miniatura DC Nº 14 - Charada

O chapéu aliás trás toda uma aura já conquistada de inteligência e loucura ao lembrarmos do personagem Alex DeLarge, brilhantemente interpretado pelo ator Malcolm  McDowell em Laranja Mecânica, filme de Stanley Kubrick de 1971. Os colecionadores ficaram felizes ao notar que a bengala pode ser retirada e inserida na mão esquerda do vilão, constituindo-se em um detalhe interessante. As dobras do tecido do terno (casaco e calças) acompanham a postura adotada. Sua face pode ser vista apenas de alguns ângulos, fornecendo a ideia de se estar diante de um trapaceiro que ri com a incapacidade do adversário em resolver seus enigmas. O detalhe da gravata de mesma cor das luvas e sapatos é interessante e a modelagem do casaco traz em relevo o formato dos bolsos e abas. Acredito que a peça merecerá destaque futuramente nas postagens das melhores peças da coleção.

Miniatura DC Nº 14 - Charada

O Charada apareceu pela 1ª vez em 1948 na revista Detective Comics 140. Seu nome é Edward Nashton. O vilão cresceu percebendo-se com uma inteligência acima da média para lidar com enigmas, charadas e quebra-cabeças. Edward não teve uma infância cheia de abusos físicos e mentais tal qual alguns oponentes do Homem-Morcego, por exemplo o Espantalho. O pequeno Edward apenas percebeu que poderia trapacear e resolver mais rápido algumas questões do que os colegas, e que isso poderia ser uma forma de se dar bem na vida. Durante um período de sua juventude, já tendo abandonado a escola por se sentir superior em intelecto aos professores e colegas, ele fez um bom dinheiro ao trabalhar junto à um Festival Popular onde vendia suas charadas e enigmas àqueles que gostavam desse tipo de jogo. No entanto, logo ele percebeu que queria mais.

Miniatura DC Nº 14 - Charada

Tal qual acontecera antes com os professores, Edward percebeu que era mais inteligente que a maioria dos vilões de Gotham e que poderia empreender uma grande carreira de crimes e assaltos. Determinado a ascender na vida como criminoso, Edward mudou o nome para Edward Nigma, trocadilho com a palavra "Enigma" (E.Nigma). Porém, ele não contava com dois aspectos, um extrínseco e outro intrínseco à sua personalidade. O 1º deles era a figura do justiceiro Batman, tão intelectualmente apto quanto Edward, porém superior fisicamente ao criminoso. O outro aspecto que determinaria suas derrotas constantes ao longo dos anos era sua compulsão por deixar pistas e enigmas a respeito dos crimes que cometia e que iria cometer. Isso fez com que sua credibilidade criminosa se exaurisse aos poucos, visto que deixar pistas para o Maior Detetive do Mundo não é uma atitude muito sábia para um contraventor. Possivelmente isso, e uma inclinação para crimes menos selvagens e violentos (se o compararmos com o Coringa, por exemplo) o transformou em um vilão menor na mitologia do Cruzado Encapuzado.

Miniatura DC Nº 14 - Charada

Durante muito tempo a existência do Charada obedeceu ao mesmo princípio daquele visto no Coringa. Uma interdependência bizarra entre seus provocativos atos e o efeito que eles acarretavam em Batman. Algo que podemos chamar de codependência. Uma atitude comum em viciados em determinados comportamentos e em substâncias ilícitas. O codependente acredita que a sua felicidade depende estritamente de outra pessoa. Uma outra pessoa que o codependente elege como seu alvo emocional e, portanto responsável por seu bem estar. Algo muito comum em relações familiares inclusive. De todo modo boa parte da vida do Charada foi voltada para o desenrolar de um jogo entre ele e o Defensor de Gotham, algo que ao mesmo tempo possuía um caráter destrutivo e prazeroso. Mecanismo parecido acontece entre o Palhaço do Crime (O Coringa) e Batman.

Miniatura DC Nº 14 - Charada

Em minha opinião, uma das mais interessante leituras do Charada, por incrível que pareça, não está nos quadrinhos (que sempre teve a tendência de caricaturar o vilão), mas sim na TV. No fantástico seriado "Batman: O Desenho em Série" produzido na década de 90, Edward Nigma é mostrado como um jovem extremamente inteligente, expert não apenas em jogos e enigmas, mas sobretudo em tecnologia. Algo análogo aos nossos Hackers modernos. Em dois episódios que pude assistir ele foi um oponente superior ao Coringa em letalidade de desejo de morte, pois diferentemente do Coringa do seriado que desejava na maioria das vezes apenas ver o circo pegar fogo, o Charada realmente possuía uma ira incontida manifesta através de seus destrutivos brinquedos eletrônicos e jogos mortais. Uma interpretação que me fez lembrar muito do vilão Arcade da Marvel.

Miniatura DC Nº 14 - Charada

O Charada é um dos vilões indissociáveis da mitologia do Homem-Morcego. Um personagem que, apesar de ter características parecidas com as do Coringa no que se refere à teatralidade e fixação em Batman, é também um personagem distinto do Palhaço do Crime. Personagens como o Charada tornam-se críveis em mundos em que a realidade é tão estranha e bizarra quanto nos quadrinhos, e que por isso acaba comportando tipos como ele. Uma realidade que, por incrível que pareça, está cada vez mais presente em nossa sociedade.

Bom amigos... Um grande abraço à todos!!

domingo, 2 de novembro de 2014

Miniatura DC Série Especial Nº 02 - Darkseid

Miniatura DC Especial Nº 02 - Darkseid

Toda editora possui seu vilão definitivo. Aquele que possui uma maldade que não pode ser explicada, que não pode ser atribuída à nenhum percalço ou mesmo injustiça prévia. Até mesmo o grande Thanos na Marvel possui um passado obscuro, que agora será desvendado na série "A Ascensão de Thanos", e que traz à tona uma origem que, de alguma forma, o redime ou pelo explica sua loucura assassina. Darkseid não. Darkseid não possui um passado redentor ou esclarecedor no que tange à sua sede assassina de conquistador. Um ser forjado para encarnar o espírito genocida de personagens reais que já viveram em nosso mundo. Prepare-se para conhecer nessa matéria alguns importantes fatos da vida sanguinária do "Monge do Ódio" da DC, bem como alguns detalhes desta peça Especial lançada no Brasil há um mês, trazendo o lendário vilão.

Miniatura DC Especial Nº 02 - Darkseid

O Poderoso Soberano de Apokolips é representado tal como foi criado, em suas vestes espartanas, militares e destituídas de adereços que possam identificar qualquer frivolidade ou fraqueza. Grandes, longas e robustas botas ao lado de luvas que lembram estadistas insanos estão bem modeladas na peça. Uma túnica firmemente contida por um cinto de metal estão bem modelados e a cabeça do vilão está, como sempre, emoldurada por um elmo que nos arremete aos antigos monges medievais. Nesse aspecto inclusive, Darkseid pode ser comparado à um monge, que em sua diligente disciplina monástica mantêm a diária busca pela realização de seus objetivos. A peça é, como já disse acima, simples e sem maiores acessórios. Isso pode parecer pouco atrativo para quem faz a coleção sem conhecer muito dos personagens, mas no caso de Darkseid toda essa simplicidade em seu vestuário aponta para sua mente de conquistador, ou seja, nada importa a não ser a expansão de seus domínios.

Miniatura DC Especial Nº 02 - Darkseid

A peça integra o que conhecemos como "Série Especial" da Coleção de Miniaturas de Metal da DC. Um segmento que contempla personagens de maior estatura ou que se distinguem dos demais por sua importância dentro do Universo DC. Acho que talvez esse seja o caso de Darkseid, que se credenciou a ser colocado nesse segmento muito mais pela sua importância do que por seu porte físico. O vilão foi criado pelo Grande, pelo Rei Jack Kirby. Embora o nome de Kirby seja quase que 100% associado à Marvel, o quadrinista integrou as fileiras da DC no início dos ano 70 após uma briga com os chefões da Casa das Ideias na época, Martin Goodman e Stan Lee. Essa ida de Kirby para a DC liberou todo ímpeto criativo que o desenhista possuía e que, possivelmente, estava represado por Stan Lee na Marvel. Ao chegar na DC Kirby deu início ao seu grande projeto chamado "O Quarto Mundo". Segundo a concepção de Kirby o Quarto Mundo é uma dimensão além do nosso espaço-tempo onde existem dois mundos irmãos, Nova Gênese e Apokolips. Os habitantes destes dois mundos autodenominam-se Novos Deuses e evoluíram para um grau de perfeição genética e estabilidade evolucionária plenos. Tal feito só foi possível graças aos efeitos da FONTE, uma energia primordial que envolve cada habitante dos dois planetas e os torna imortais, mais fortes, rápidos e inteligentes do que qualquer mortal comum.

Miniatura DC Especial Nº 02 - Darkseid

Os dois Planetas (Nova Gênese e Apokolips) foram, outrora, um mesmo sistema integrado de mundos chamado Urgrund. A discórdia surgiu, no entanto quando um jovem Darkseid atacou, ao lado de seu tio Lobo das Estepes, um habitante de Nova Gênese chamado Izaya. Na luta, Darkeseid e tio matariam, inadvertidamente, a esposa de Izaya e o deixaria gravemente ferido. Izaya viria a se tornar o "Pai-Celestial" governante de Nova Gênese, que passou a ser um mundo idílico, cheio de florestas virgens, com uma fauna e flora exuberantes e com um povo feliz, enquanto Apokolips sucumbiria ao comando de Darkseid, tornando-se um mundo distópico, cheio de agonia e escravidão, com um povo que obedece cegamente à Darkseid. A Guerra entre os dois mundos durou muito tempo e aos poucos os dois planetas perceberam que suas forças eram equivalentes em coragem, tecnologia e letalidade e, por isso, acabariam por se extinguir mutuamente. Assim, veio uma proposta de trégua, selada a partir da troca diplomática dos filhos dos dois governantes. Dessa forma Scott Free, o Senhor Milagre (filho do Pai Celestial) e Órion (filho de Darkseid) foram trocados e cresceram criados por Darkseid e Izaya, respectivamente. Os dois meninos se tornariam pessoas boas já que Scott trazia a bondade de seu pai em seu sangue e Órion entenderia e abraçaria os conceitos ensinados e vividos em Nova Gênese.

Miniatura DC Especial Nº 02 - Darkseid

A obsessão básica de Darkseid é subordinar todo ser vivo à sua vontade, por isso seu grande objetivo é recolher os resquícios perdidos de uma grande Equação (A Equação Antivida) que permitiria ao seu portador dominar qualquer mente viva. Os fragmentos da Equação estariam espalhados na mente de todos os humanos que vivem no Planeta Terra. Daí uma das explicações para a fixação que o tirano  possui pelo nosso mundo. Com seu exército de para-demônios, Darkseid já tentou várias vezes subordinar e conquistar a Terra, sendo confrontado inúmeras vezes pelos principais heróis da editora. Embora a DC não tivesse ideia disso, Jack Kirby produziu, em sua passagem pela editora, um dos maiores pulsos criativos da sua carreira, presenteando a editora com personagens cativantes, cheios de energia e dramaticidade. Sem sombra de dúvida, o Universo DC seria um pouco menos interessante senão fosse a presença dos Novos Deuses do Quarto Mundo de Kirby.

Miniatura DC Especial Nº 02 - Darkseid

Darkseid é, portanto um dos principais vilões da DC, senão o principal. Diferentemente de um Lex Luthor ou Ra´s al Ghul que acreditam piamente que fazem algo de bom dentro de suas visões distorcidas do bem e do mal, ou diferentemente de vilões alucinados como Coringa ou Charada que exercem sua vilania a partir de suas neuroses e psicopatias, ou ainda, diferentemente de outros vilões como Pinguim, Mestre dos Espelhos e Capitão Bumerangue que querem apenas ficar ricos e curtirem seu dinheiro, Darkseid faz parte de um tipo mais refinado de vilão. E por isso mesmo mais perigoso e amedrontador. Um tipo que é brilhante e possui inteligência suficiente para ter uma percepção clara de si mesmo, do bem, do mal, e mesmo assim decide-se pelo mal sem qualquer remorso, praticando-o sem qualquer piedade. Um ser cujo objetivo não são as riquezas das Galáxias, nem a destruição da humanidade, mas sim a completa e total erradicação do pensamento livre, que deve ser substituído pelo seu próprio pensamento.


Miniatura DC Especial Nº 02 - Darkseid

Jack Kirby conseguiu criar um vilão à altura da editora e que espero ver um dia em um filme da Liga da Justiça por exemplo. Sem dúvida nenhuma um personagem que não pode faltar na estante de qualquer fã de quadrinhos. E por falar nisso, vale aqui a menção ao fato de que as peças Especiais anunciadas no início do presente semestre pela Eaglemoss estão sendo, sistematicamente, lançadas. Uma boa notícia. Ao contrário do que alguns colecionadores pensam eu estou com convicção que, após o término destes lançamentos de peças Especiais, novos anúncios de novas peças serão feitos. Afinal não podemos ficar sem algumas Especiais tanto da Coleção DC quanto da Marvel. Além disso, o mercado nacional já demonstrou ter fôlego e estar muito aquecido com essa Coleção, sendo um grande erro empresarial da Eaglemoss não continuar o lançamento das peças tanto do segmento normal, quanto do Especial. Vamos aguardar e torcer!

Miniatura DC Especial Nº 02 - Darkseid

Bom amigos é isso aí! Um grande abraço à todos!!
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