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domingo, 31 de agosto de 2014

Miniatura Marvel Série Especial Nº 02 - O Vigia

Miniatura Marvel Especial Nº 02 - Vigia

Integrante de uma raça de alienígenas mais velha que o tempo, ele é conhecido pela humanidade apenas como O Vigia, um ser enigmático que fez aparições à determinados Heróis Marvel em situações de grande importância. Vivendo em um local específico da Lua, O Vigia é na verdade "Uatu" (seu nome verdadeiro), e faz parte da raça dos Vigias. Com o único objetivo de "observar" e "registrar" o desenvolvimento das diversas espécies espalhadas pelo Cosmo, Os Vigias possuem um rígido código de ética que lhes impedem de interferir nos acontecimentos em qualquer sociedade senciente. Sendo assim, sua espécie funciona como "Bibliotecários Cósmicos", que registram continuamente os acontecimentos. Nessa matéria veremos algumas características da peça que representa o Vigia da Terra dentro da Coleção de Miniaturas Marvel, bem como alguns fatos importantes de sua longa e perene história.

Miniatura Marvel Especial Nº 02 - Vigia

O Vigia é talvez a peça mais pesada de toda a coleção até aqui. Só isso já a colocaria como tendo grande destaque, porém ela vai além ao conseguir reproduzir toda imponência, visual exótico e estranheza do personagem. Trajando vestes que lembram os antigos senadores romanos, O Vigia, traz consigo a ideia de julgamento, premonição e advertência. Além da imponência, tamanho e peso da peça, as ondulações presentes no tecido das vestes e capa estão muito bem representadas, dando um ar de leveza que todo tecido naturalmente possui. Se o colecionador observar bem, poderá ver, aliás, que a capa que cobre os ombros do personagem se divide em duas, algo que pode ser observado nas fotos posteriores da peça.

Miniatura Marvel Especial Nº 02 - Vigia

Outra ponto alto da peça, em minha opinião, é a clareza e meticulosidade com que a face de Uatu foi moldada. Na qual podemos, inclusive, delimitar algumas "covinhas" e marcas de expressão. Com um histórico de não conseguir trazer clareza às feições dos personagens que se apresentam com o rosto desnudo, a Coleção tem no Vigia um bom exemplo de trabalho bem feito nesse quesito. Esse detalhamento pode ser visto também na modelagem dos músculos do braço direito, pescoço e orelhas. É possível que a explicação para isso seja o maior tamanho da peça (motivo pelo qual ela se encontra entre as Especiais), pois com uma maior área de trabalho seria mais fácil a modelagem em metal. A desproporção entre a cabeça e os demais membros do corpo de Uatu pode ser considerada como um erro por aqueles que desconhecem o personagem, mas na verdade foi assim que a raça dos Vigias foi concebida nas HQs. Possivelmente para ressaltar a estranheza de seus integrantes e origem alienígena.

Miniatura Marvel Especial Nº 02 - Vigia

A raça dos Vigias tem sua origem nas névoas de tempos imemoriais. Eles eram uma sociedade que existia em uma Galáxia diferente da nossa e possuíam conhecimento e tecnologia inimagináveis. Sua estrutura social era regida pelo Alto Tribunal do Planeta, um conselho formado por três integrantes: Emmu, Ikor e seu filho Uatu. Ikor pleiteava e ideia de que sua raça deveria compartilhar seu conhecimento e tecnologia com Planetas menos evoluídos e desenvolvidos. Por outro lado, Emmu era contrário à essa ideia. Coube ao filho de Ikor, Uatu convencer o Tribunal e a sua sociedade que os ideais de seu pai eram os mais elevados e éticos. Foi assim que os Vigias presentearam os habitantes do pobre e pouco evoluído Planeta Prosilicus com a tecnologia do domínio do átomo. Voltando décadas depois para ver como os habitantes daquele Mundo haviam se saído os Vigias tiveram a amarga visão de um Planeta devastado pela Guerra Nuclear. Foi esse incidente que levou o Tribunal e a Sociedade de Vigias como um todo a traçarem um rigoroso código de ética dentro do qual cada Vigia iria apenas observar e registrar os acontecimentos pelo Cosmo.

Miniatura Marvel Especial Nº 02 - Vigia

Assim, Uatu foi designado para observar um pequeno Planeta Azul (a Terra) ao redor de uma estrela amarela. É possível que quando Uatu chegou à nossa Lua, a raça humana ainda nem havia surgido. Estabelecendo sua casa na chamada "Área Azul" (um posto avançado da raça Kree) com atmosfera, conforto e tecnologia, Uatu iniciaria suas observações junto à Terra. Com o mínimo contato entre si, os Vigias passariam centenas ou até milhares de anos sem se falar, apenas registrando e catalogando acontecimentos. Porém, uma característica muito peculiar à espécie humana fez crescer dentro de Uatu sua tendência inata para o bem e para o que é certo. Foi assim que ele iniciou, gradativamente, uma série de intervenções em nossa história, sempre a favor de nossa sobrevivência, contrariando, no entanto seu rígido código de ética. Seu 1º contato se deu com os integrantes do Quarteto Fantástico (Sr. Fantástico, Mulher-Invisível, Tocha-Humana e o Coisa). Esse contato se daria dentro do arco de histórias em que o vilão Fantasma Vermelho tentava reivindicar a Lua para seus compatriotas comunistas. Embora muito pouco lembrado, esse conflito pavimentou os laços de confiança que se estabeleceu entre o Quarteto Fantástico e Uatu, preparando-os para a Apocalíptica Crise que estaria por vir!!

Miniatura Marvel Especial Nº 02 - Vigia

Essa Crise tinha um nome: Galactus!! Em março de 1966 Stan Lee e Jack Kirby criariam uma das mais arrebatadoras e apocalípticas sagas até então nunca vistas. E foi nessa crise que se manifestaria todo apreço que Uatu possui por nossa espécie. Graças ao seu auxílio o Quarteto Fantástico conseguiria afastar a devastadora presença do Devorador de Mundos. Esse episódio, dentre outros, mostrou a difícil e filosófica questão com a qual Vigia de depara constantemente: A Escolha entre aquilo que é "Ético" (ou seja, a não interferência nos assuntos de uma determinada raça que tem o direito de aprender com seus próprios erros) e o que é "Correto" (ou seja, agir sempre na direção da preservação da vida). O Filósofo Soren Kierkegaard já se debruçou sobre questão semelhante e trouxe para nós uma visão que considero a correta para mim sobre isso.

Miniatura Marvel Especial Nº 02 - Vigia

No caminhar transcendente do Ser Humano é possível se distinguir 03 estágios: O Esteta; O Ético; e o Religioso. No deles o ser humano vive sob os conceito apenas do "Belo" e do "Feio". Sua capacidade de julgamento é ínfima e em geral essa pessoa se afasta de questões mais profundas e existenciais, como por exemplo os conceitos de vida e morte. Resumindo é o ser que vive em um "Mundo de Shopping Center", alienado, superficial e por conseguinte vazio (o que é "Belo" é bom, o que é "Feio" é mal). No 2º Estágio esse ser humano já é capaz de ver a vida não apenas a partir de julgamentos simples e superficiais, mas consegue estabelecer relações em que valores éticos como justiça, igualdade e fraternidade passam a fazer sentido. Tal ser humano estaria mais apto a viver em sociedade e conseguiria transcender ao 1º e vazio estágio. Mas haveria um Estágio, uma forma de viver em que eu julgaria minhas ações não apenas a partir de valores éticos, mas também "Espirituais". Nesse estágio conceitos como amor, compaixão, partilha passariam a fazer mais sentido. É nesse estágio que estariam as pessoas que teriam a coragem de sacrificar sua posição e "status" em favor do mais fraco, em favor do menos favorecido, em favor daquele que é pequeno.

Miniatura Marvel Especial Nº 02 - Vigia

É sob essa ótica que eu vejo as ações de Uatu, um ser que evoluiu para uma forma de conduta em que suas ações são pautadas não apenas por um frio código de ética (Estágio 2), mas que modula esse código em favor da vida (Estágio 3). Foi o que a Bíblia disse de José (pai de Jesus), alguém que deveria ter rejeitado o menino em função do que a Lei dizia, pois muito provavelmente o menino era fruto da traição de Maria com outro homem. Mas não foi assim, ele agiu pelo "Espírito da Lei" e não pela "Lei". Muitos heróis sintetizam isso, dentre eles eu colocaria o Superman, alguém que não age segundo seu poder, mas segundo a preservação da vida e das relações humanas. O mundo teria menos "Guerras Santas" e "Massacres em Nome de Ideologias" se a humanidade avançasse nesse sentido.

É isso aí amigos! Grande Abraço!

Obs.: Há algum tempo vem surgindo diversas ideias interessantes envolvendo a Coleção de Miniaturas Marvel e DC. Catálogos envolvendo as peças integrantes da coleção, estantes específicas para acondicionar as peças, planilhas de acompanhamento dos lançamentos são algumas dessas iniciativas. Uma que gostaria de destacar é a criação de adesivos para colar nas caixinhas protetoras que acompanham cada miniatura. Tais adesivos valorizam as caixas e permitem uma rápida identificação no que diz respeito a qual caixa determinada miniatura pertence. Abaixo segue um link para o Blog do amigo Guilherme Lopes, que vem se destacando na confecção destes adesivos. Fica a dica.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Coleção Comics Star Wars


Bom amigos... O segmento de colecionismo no Brasil realmente parece estar de "vento em popa". Pelo que eu me lembre nunca esse mercado esteve tão aquecido quanto agora. Há cerca de 02 ou 03 anos uma Nova Era foi inaugurada em nosso país com o lançamento de coleções que demarcaram um novo patamar. A Coleção de Miniaturas de Metal Marvel e DC; Coleção Carros Inesquecíveis do Brasil; Coleção Senhor dos Anéis; Coleção Oficial dos Carros de James Bond; Coleção de Graphic Novels da Editora Salvat; Coleção Oficial de Xadrez Star Wars, estão entre algumas das mais comentadas desde então. Pois agora, novamente temos um grande lançamento anunciado pela Planeta DeAgostini: A Coleção Comics Star Wars. À exemplo da bem sucedida empreitada da Editora Salvat com as Graphic Novels da Marvel, a Planeta DeAgostini investe em uma coleção de encadernados de luxo que juntos compõem boa parte da mitologia de Star Wars. Anunciada como 70 volumes, a coleção abrange um longo período de tempo englobando acontecimentos paralelos aos famosos filmes. Conforme podemos ver abaixo a Mitologia de Star Wars insere-se em um amplo período de tempo em que um evento crucial marcou a história como um todo: A Batalha de Yavin. Evento que foi mostrado no filme "StarWars: Uma Nova Esperança de 1977" cujo fato mais importante foi a destruição da Estrela da Morte. Assim, temos o calendário galáctico ordenando-se entre ABY ( Antes da Batalha de Yavin) e DBY (Depois da Batalha de Yavin). 


Os 70 volumes da Coleção se organizarão trazendo eventos que se passam ABY e DBY. Com uma periodicidade quinzenal do Nº 01 ao 11, e após esse volume, semanal, os encadernados chegarão às bancas a partir de Outubro de 2014 em algumas cidades do Brasil com o preço de R$ 34,99 cada. A assinatura já está disponível no Site da Planeta DeAgostini, e há alguns benefícios para o assinante, dentre eles um 1º envio com as edições 01, 02 e 03 por R$ 57,98 e ainda alguns brindes, a saber, miniaturas em escala 1:32 dos seguintes personagens: Darth Vader; Yoda + Soldado de Assalto Imperial; e C3-PO. Sou assinante desde 2012 da Coleção de Carros Inesquecíveis do Brasil da Planeta DeAgostini e posso dar uma opinião como consumidor. Desde que assinei nunca tive problema. A Editora tem um esquema de debitar em meu cartão de crédito sempre que chega a época de enviar uma entrega, e isso funcionou bem nesses 02 anos de assinatura. Claro que esse esquema só funciona bem para aquele colecionador que não fica cancelando e refazendo a assinatura via cartão de crédito, pois daí realmente dá uma grande dor de cabeça. É débito pra cá, estorno pra lá, que ninguém entende mais.


Conheço pouco do Universo expandido de Star Wars, sendo assim pesquisei um pouco para tentar localizar o conteúdo dos encadernados numa "Linha do Tempo" coerente dentro desta Saga Cósmica. Fiz isso para que eu consiga entender o que a Coleção realmente abrange. Como não sou "expert" no assunto, peço que algum leitor mais entendido me ajude a ajustar o quadro abaixo, deixando-o correto e fidedigno, situando cada arco de hsitórias na sua devida "Era".



Edições 1 à 12: Clássicos - Histórias que se passam dentro da Era da "Rebelião". Portanto, eventos contemporâneos àqueles mostrados nos filmes Star Wars: Uma Nova Esperança (1977); Star Wars: O Império Contra-Ataca (1980); e Star Wars: O Retorno de Jedi (1983).

Edições 13 à 18: Cavaleiros da Antiga República - Histórias situadas dentro da Era da "Antiga República".

Edição 19: Guerra Iminente - Ao que tudo indica, um prelúdio para as edições seguintes "A Guerra dos Clones", dentro da Era "Ascensão do Império".

Edições 20 à 26: A Guerra dos Clones - Conflito que se localiza também dentro da Era "Ascensão do Império". Seus eventos precipitadores foram descritos no filme Star Wars: O Ataque dos Clones (2002) e Star Wars: A Vingança dos Sith (2005).

Edições 27 à 30: Tempos Negros - Não tenho indicação clara a qual momento da linha do tempo esses encadernados pertencem (caso algum leitor possa ajudar eu agradeceria), porém avançando cronologicamente nos eventos creio que se referem ao final da Era "Ascensão do Império".

Edições 31: O Poder da Força - Esse volume traz, possivelmente, acontecimentos ligados ao início da Guerra Civil Galáctica, situando-se (acredito eu) entre o final da Era "Ascensão do Império" e o início da Era da "Rebelião".

Edições 32 à 36: Império - Um sequencia de encadernados com eventos após a Batalha de Yavin, ou seja, já na Era da "Rebelião".

Edições 37 e 38: Rebelião - Eventos muito próximos àqueles vistos nos filmes Star Wars: Uma Nova Esperança (1977). Era da "Rebelião".

Edições 39: Contra-Ataque - Pela ordem de eventos até aqui, podemos supor que este seja um volume que situa-se à época de Star Wars: O Império Contra-Ataca (1980) e talvez Star Wars: O Retorno de Jedi (1983). Era da "Rebelião".

Edições 40 e 41: Herdeiros do Império - Dois volumes já dentro da Era da "Nova República".

Edições 42 e 43: Império Negro - Continuidade dos eventos dentro da Era da "Nova República".

Edições 44 e 45: Império Vermelho - Era da "Nova República".

Edições 46: Academia Jedi - Era da "Nova República".

Edições 47 e 48: Invasão - Era "Nova Ordem Jedi".

Edições 49 à 54: Legado - Era "O Legado da Força".

Edições 55 à 59: X-Wing: O Esquadrão Rebelde. - Era da "Rebelião".

Edições 60 à 62: Boba Fett - Era da "Nova República".

Edições 63 e 64: Darth Maul - Era "Ascensão do Império".

Edições 65 e 66: Dróides - Era "Ascensão do Império" (?).

Edições 67 à 70: Contos Jedi - Era da "Rebelião" (?).


Bom amigos, espero que esta tentativa de situar os encadernados dentro de um "continuum" temporal ajude à todos a estabelecer uma sequencia de leitura obedecendo a sequencia cronológica da história e não necessariamente a sequencia de lançamento.  Deixo meu abraço e que a "Força" esteja com todos nós!!

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Miniatura DC Nº 11 - Espantalho

Miniatura DC Nº 11 - Espantalho

Assustador, instável, medonho e acima de tudo letal, o Espantalho faz parte de uma das mais bizarras e sombrias galerias de vilões dos Quadrinhos. Usando o mesmo expediente adotado pelo seu maior inimigo, a imposição do medo às pessoas ao seu redor, o Espantalho está entre os mais importante oponentes do Batman. Com uma infância repleta de traumas e uma vida construida sobre a necessidade de se estudar o medo em suas diversas facetas, o vilão se consolidou no Universo DC com uma reputação que rivaliza com a de outro grande inimigo do Cruzado Encapuzado, o Coringa. A miniatura Nº 11 da Coleção DC Comics de Miniaturas de Metal traz o insano Espantalho em uma miniatura que surpreendeu à todos pela sua riqueza de detalhes e incrível pintura. Nessa matéria veremos, como de costume, algumas fotos nos diversos ângulos da peça, suas principais características, bem como detalhes importantes da mitologia do personagem.

Miniatura DC Nº 11 - Espantalho

Um dos pontos mais chamativos da peça é, sem dúvida nenhuma, a presença da foice nas mãos do vilão. Uma ferramenta grande, robusta e que confere ao personagem uma atmosfera de "morte" e horror, trazendo rapidamente à mente de qualquer observador uma associação com a clássica representação da Morte. A presença da foice contextualiza rapidamente o personagem em um ambiente de loucura e violência. No entanto, há outras características tão interessantes quanto. O tom da pintura da roupa, as costuras à mostra e as diversas dobras do tecido nos dá a clara impressão de uma vestimenta confeccionada a partir de sacos velhos. Ou seja, a representação da tradicional forma de confecção dos Espantalhos reais deixados nos milharais e plantações para assustar os pássaros.

Miniatura DC Nº 11 - Espantalho

Outro ponto incrível da peça para mim foi a forma e a dimensão do chapéu. Suas dobraduras e sua ponta cônica nos lembra os velhos e obscuros contos de fada em que criaturas mágicas e más habitam. Não pude deixar de reparar também no chinelo usado pela peça, um detalhe que imprime um ar de desleixo e, ao mesmo tempo, degeneração do personagem. Uma característica interessante, aliás que destoa de diversos vilões que muitas vezes se apresentam em vestimentas que lembram poder e ostentação. Características assim sinalizam de maneira óbvia a proposta do personagem. A tradicional máscara de juta também está presente, revelando a face pela qual o vilão deseja ser conhecido. As cordas que prendem as mangas da camisa, as pernas da calça bem como a máscara são bem definidas, deixando à vista a esquálida figura por baixo da vestimenta. É por tudo isso que o "Espantalho" é (em minha opinião) uma das grandes revelações da coleção até aqui. Uma peça que surpreendeu-me justamente pelo fato de eu não estar esperando tal qualidade nessa figura em específico.

Miniatura DC Nº 11 - Espantalho

O Espantalho é na verdade Jonathan Crane, um psicólogo que se formou na Universidade de Gotham e dirigiu seus estudos para os efeitos coletivos e individuais do "medo". Crane é filho de uma mãe solteira que o abandonou aos cuidados de sua religiosa e perturbada avó que batia no garoto e lhe impunha castigos. Sempre acuado e vítima de contínuas situações de bullying na escola, o magricela Crane cresceu sofrendo injúrias e maus tratos por todos os lados. Seu nome "Crane" lembra outro personagem famoso, Ichabod Crane da Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça. O nome e as semelhanças físicas com o outro personagem, valeram ao Espantalho muitas comparações cruéis em sua infância. No ensino médio algo começou a brotar na alma de Crane, algo vingativo e perigoso. Essa faceta de sua personalidade se manifestaria pela 1ª vez contra Bo Griggs, um camarada que estudava na mesma escola que Crane e que era particularmente cruel contra ele. Somava-se a isso uma queda que o adolescente vilão tinha pela namorada de Griggs, Sherry Squires. Ao ser vergonhosamente rejeitado por Sherry, Crane arquitetou sua vingança que se consumaria no dia do Baile de Formatura.

Miniatura DC Nº 11 - Espantalho

Vestindo uma roupa de Espantalho, em função de ser continuamente comparado à um por seus impiedosos colegas, Crane se lançou na frente do carro em que o casal de namorados estavam causando um horrível acidente que levou seus dois ocupantes à morte. Satisfeito com o resultado alcançado, algo se fortaleceu no âmago da jovem e perturbada mente de Crane. Foi depois de passar pelo Curso de Psicologia da Universidade de Gotham, no entanto que o Espantalho nasceria de verdade. Já formado Crane conseguiria emprego na Universidade como professor e um dia utilizou seus próprios alunos como cobaias ao lançar sobre eles um protótipo de sua toxina do medo. Os alunos sofreram terrores indescritíveis e toda comunidade acadêmica ficou sabendo disso. Crane foi expulso e, como vingança, matou todos seus superiores da reitoria usando uma superdosagem da toxina do medo. Foi a partir desse episódio que o vilão passaria a ser dominado o tempo todo pelo seu desejo de vingança contra tudo e contra todos, assumindo definitivamente a alcunha de Espantalho.

Miniatura DC Nº 11 - Espantalho

O vilão bateria de frente, no entanto com outra cria da noite e da escuridão, o misterioso Batman, que passaria a ser seu grande inimigo. Foram muitos embates e muitas prisões no Arkham ao longo da história. Capaz de usar adultos e crianças em seus experimentos, o Espantalho tem protagonizado histórias macabras e dignas de qualquer clássico do horror mostrado na TV ou no cinema. Ele representa o vilão que traz inicialmente uma simpatia do leitor, sobretudo em função de sua trágica história, porém suas barbáries logo nos leva para longe de qualquer tentativa de entende-lo ou justifica-lo. É possível que o antigo e assustado Jonathan Crane ainda esteja vivo no fundo da mente do Espantalho. Batman já tentou ter acesso a esse resquício de humanidade ao tentar chegar a Crane durante o arco Silêncio. Porém sem sucesso.

Miniatura DC Nº 11 - Espantalho

Embora o Espantalho já tenha feito alianças com o Coringa, ele na verdade é feito de uma maldade que expressa características diferentes. Seu modus operandi se foca em outra sensação da alma humana, o "medo", enquanto o Coringa se fixa no contentamento macabro. Sem dúvida nenhuma, porém, o potencial ofensivo do vilão está ligado à complexidade de sua mente bem como em sua deformada e inteligente visão estratégica das coisas. Um ser que evoca os mais íntimos medos de cada um ao se apresentar como uma figura vinda de um "Conto de Fadas" macabro. Esse é Jonathan Crane, o Espantalho, alguém que, apesar de vítima do ambiente no qual cresceu, escolheu o caminho da escuridão.

Miniatura DC Nº 11 - Espantalho

Bom amigos é isso aí! A Coleção de Miniaturas DC e Marvel avançam em diversas localidades do país, e agora, com a chegada das Especiais, temos uma indicação clara de que ela tem tudo para chegar até o fim. Vamos torcer! Abraço à todos!!

sábado, 16 de agosto de 2014

A Saga Fundação - Parte VI: PRELÚDIO À FUNDAÇÃO


Em matérias anteriores abordei (em sequencia cronológica de lançamento) os Livros: Fundação (publicado entre os anos de 1942 à 1950); Fundação e Império (1952); Segunda Fundação (1953); Limites da Fundação (1982); e Fundação e Terra (1986). Uma Saga Cósmica concebida pelo Professor Isaac Asimov, uma das mentes mais imaginativas do Século XX. Uma Epopeia Galáctica que se encaixa perfeitamente em um sub-gênero da Ficção Científica conhecido como "Space Opera". Cenários grandiosos, longos períodos de tempo e aventuras de diversos personagens se conectando e se desconectando à medida em que décadas e séculos se passam. A Saga da Fundação representa a humanidade em um momento de plena conquista da Via-Láctea em um futuro extremamente distante. No entanto, as mesmas ambições, ambiguidades e egoísmos continuam presentes no seio de nossa civilização. A partir daí fica fácil prever que esse Império estaria com dias contados. Nesse cenário surge o lendário matemático Hari Seldon que consegue fazer a incrível junção da Matemática com a Psicologia, criando o que ele chamou de "Psico-História". Uma ciência capaz de mapear os constantes e cíclicos movimentos das massas humanas ao longo das Eras, construindo assim algoritmos e equações preditoras para o futuro. Seldon tenta então, não necessariamente salvar o Império, mas estabelecer uma 2ª via para o futuro, ou seja, cria duas Fundações, colônias humanas distantes, destinadas a ascender a humanidade como raça à patamares distantes dos erros recorrentes do passado.


Os livros anteriores da Saga Fundação tratavam, respectivamente, do desenrolar da queda do Império Humano, dos primeiros passos da Fundação enquanto colônia, da obscura 2ª Fundação, do incrível poder e influência alcançado pela Fundação e, por fim, da busca por um sentido maior para toda história humana. Em Prelúdio à Fundação (1988), Isaac Asimov resolve olhar para trás, para o início. Muito pouco se sabia da vida e dos detalhes históricos de Hari Seldon, como ele teria conseguido construir um sistema matemático tão elegante e inventivo em meio às tensões iniciais de um Império em declínio. Qualquer pessoa que tenha lido alguns dos livros mencionados acima deve ter tido muita curiosidade para saber do homem por detrás da "Psico- História". Em Prelúdio à Fundação entendemos um pouco sobre quem foi Hari Seldon, um homem simples, amável e proveniente de um Planeta (Helicon) quase sem importância e distante do centro Galáctico, localizado no Planeta Trantor. A biografia de Hari Seldon é aos poucos desvendada ao mesmo tempo em que o Asimov nos leva a entender como seria possível se chegar à comportamentos padrões universais para toda raça humana, independente de onde ela esteja. Assim, vamos entendendo aos poucos os pilares sobre os quais Seldon formulou suas postulações iniciais.

Trantor

A leitura fica mais interessante pelo fato de Asimov ter escrito Prelúdio à Fundação depois de escrever o último livro da Saga (Fundação e Terra). Assim, o leitor consegue perceber sutis interferências de um plano ainda maior que o do próprio Hari Seldon. O livro nos conduz para uma análise suave, porém importante das diferenças sociais e culturais existentes no Planeta Trantor, que no final das contas são as mesmas diferenças sob as quais nos debatemos hoje como espécie. No entanto, pequenas formulações comportamentais vão surgindo aos atentos olhares de Hari Seldon e de sua companheira, a Historiadora Dors Venabili. Para você que nunca leu qualquer livro da Fundação, não há necessidade de qualquer conhecimento prévio de sociologia, psicologia, matemática, história ou qualquer outra disciplina, uma vez que Asimov escreve seus livros como aventuras. No entanto, uma análise mais apurada verá que todas essas disciplinas citadas acima são usadas por ele para compor sua grande história.

Superfície Externa de Trantor

O livro se passa em Trantor, (Capital do Império Galáctico Humano). Onde uma colcha de retalhos cultural vive sob domos de metal artificial que cobrem todos o Planeta, de maneira que toda civilização encontra-se abaixo destes tetos metálicos que acabaram por cobrir toda superfície do planetária. É nesse caldo cultural que Hari e Dors viverão suas aventuras. O leitor mais curioso perceberá grande semelhança entre as culturas apresentadas nos diversos conglomerados humanos de Trantor e aquelas que existem hoje em nosso Planeta natal, a Terra. Além de ser um grande entretenimento, o livro nos fornece também um interessante exercício de reflexão.


Pouco antes de morrer em 1992, Asimov lançaria ainda Origens da Fundação, livro que dá seguimento aos acontecimentos vistos em Prelúdio à Fundação. Em breve comentarei aqui sobre esse último livro e deixarei um esquema de melhor ordem de leitura da Saga para todos aqueles que quiserem iniciar uma aventura por esse incrível universo criado pelo gênio Isaac Asimov.

Ok amigos... Um grande abraço!

sábado, 9 de agosto de 2014

Miniatura Marvel Nº 39 - Mística

Miniatura Marvel Nº 39 - Mística

Interpretada nos cinemas inicialmente pela atriz Rebecca Romijn, Mística foi retratada como uma bela e letal assassina. Lacônica e comparsa direta de Magneto nos primeiros filmes dos X-Men (X-Men - O Filme (2000); X-Men - 2 (2003); e X-Men O Confronto Final (2006)), ela se tornaria, com a evolução da franquia, alguém diferente nos últimos filmes (X-Men - Primeira Classe (2011); e X-Men - Dias de Um Futuro Esquecido)). A mutante ficaria dividida entre a causa de Xavier e Magneto, além de tornar-se mais sensível e complexa, com um maior peso dramático graças aos novos rumos que a Fox lhe deu. Além, é claro, da excelente interpretação da atriz Jennifer Lawrence. Alguém que conseguiu unir duas características aparentemente incapazes de serem colocadas juntas: a letalidade assassina e a sensibilidade humana. A Mística dos quadrinhos, no entanto possui uma longa e indomável história. Nessa matéria veremos sua representação dentro da Coleção de Miniaturas Marvel bem como alguns pontos importantes de sua trajetória.

Miniatura Marvel Nº 39 - Mística

A peça representa Mística em um uniforme (ou roupa) utilizada mais recentemente no mundo dos quadrinhos. Em suas primeiras e clássicas aparições a personagem usava um traje que lembrava uma roupa tribal. Algo como uma túnica branca presa na cintura por um cinto feito de pequenas caveiras, além de outro pequeno crânio colocado na parte superior de sua fronte. Um pequeno detalhe que já sinalizava claramente a proposta inicial da personagem: uma curvilínea e exótica mutante com sua pele azul, cabelo ruivo e uma fúria que a aproximava muito mais do lado escuro da vida. Outro ponto da peça é o fato de retratar Mística com uma aparência bem jovem, como alguém na casa dos 20, no máximo 30 anos. Essa é outra diferença entre a peça e a clássica representação da vilã nos quadrinhos, que era desenhada como uma mulher adulta, já na casa dos 40 anos.

Miniatura Marvel Nº 39 - Mística

A forma como a miniatura está modelada ressalta a essência da personagem em sua concepção mais atual (muito influenciada pelas versões do cinema): uma jovem letal, sedutora e que se utiliza de seu corpo escultural para conseguir o que quer, em um jogo mortal de sedução, requinte e luxo. Confesso que me surpreendi positivamente ao receber a miniatura, sobretudo pela sua simplicidade de detalhes que, apesar disso, mostra muito bem a índole sedutora da personagem. Uma miniatura que agrada mais pelo conjunto do que pela quantidade de detalhes. Mesmo assim não posso deixar de assinalar a boa pintura principalmente da calça, que consegue mimetizar muito bem o couro. Soma-se a isso o calçado semelhante à um coturno  e a blusa com suas argolas laterais de ligação. A força do cabelo ruivo também está presente e nessas horas percebemos como uma boa pintura pode fazer diferença na qualidade de uma peça.

Miniatura Marvel Nº 39 - Mística

Mística é uma mutante capaz de se transformar em qualquer forma humanoide que ela quiser, ou seja, é uma "Metamorfa". Além disso, é capaz de mudar órgãos internos de lugar, o que já lhe garantiu sua sobrevivência em situações em que foi alvejada. A personagem apareceu pela 1ª vez na revista Ms. Marvel Nº 16 em abril de 1978, porém sua verdadeira forma azul só apareceu em Ms. Marvel Nº 18. Inicialmente Mística estava muito ligada às histórias da Miss Marvel, porém aos poucos ela foi ganhando espaço no Universo Mutante. Toda ambiguidade da personagem foi trabalhada ao longo dos anos, em situações em que hora ela lutava ao lado dos X-Men e hora ao lado da Força Federal (um grupo de Mutantes com objetivos muito questionáveis). De qualquer forma em nenhum momento (em minha opinião) ela deixou de ser alguém egoísta e voltada unicamente para benefício próprio. As únicas situações em que Mística demonstrou algum tipo amor mais sincero foi pela sua grande amante "Sina" e por sua filha adotiva Vampira. Particularmente eu nunca perdoei Mística pelo desprezo com que ela sempre tratou seu filho verdadeiro Noturno.

Miniatura Marvel Nº 39 - Mística

Mística já usou vários nomes: Raven Darkhölme, Raven Wagner, Mallory Brickman, Surge, Ronnie Lake, Dale Fyfe, Leni Zauber, Holt Adler, entre outros. Seu nome verdadeiro não é, no entanto conhecido. Seu passado a coloca como alguém nascida há muito tempo, revelando que possivelmente um dos seus dons mutantes também seja o de um envelhecimento muito lento. Particularmente não conheço detalhes específicos da mitologia da personagem, porém seu histórico inclui relacionamentos e lutas (ao lado ou contra) diversos personagens, tais como Dentes-de-Sabre, com quem teve um relacionamento e um filho (que também foi abandonado pela desnaturada mãe). Essa criança cresceria e se tornaria o político anti-mutante chamado Graydon Creed, assassinado pela própria Mística. Porém, foi durante o relacionamento com o barão alemão Christian Wagner que Mística se envolveria com Azazel, um mutante com um obscuro passado que o associa à um antigo grupo de mutantes angelicais. Na tentativa de dar um herdeiro ao barão, Mística engravida de Azazel. O fruto dessa concepção foi o nosso conhecido mutante X-Men Noturno.

Miniatura Marvel Nº 39 - Mística

Mística se envolveria ainda em uma relação de ódio, admiração e até amor com o Mutante Forge, além de ter um certo flerte até mesmo com Wolverine. Dá para perceber que a mutante azul tem uma inclinação por homens fortes e selvagens. Porém, nenhuma relação de Mística se igualou à que ela teve com a Mutante "Sina". Com o dom de prever o futuro Sina influenciaria muito a vida de Mística, instigando-a contra os X-Men por várias vezes, além de manter viva a chama de ódio e vingança na metamorfa. Ao olharmos para trás podemos perceber que o espaço que Mística conquistou no Universo Mutante da Marvel só cresceu, sendo que ela protagonizou momentos importantes e bárbaros, como por exemplo seu ataque contra Banshee que o deixou com a garganta cortada.

Miniatura Marvel Nº 39 - Mística

Como podemos ver, há uma grande distância entre a Mística dos quadrinhos e a do cinema. Embora ambas guardem uma indomável personalidade, a personagem interpretada por Jennifer Lawrence parece ponderar um pouco mais sobre suas ações, chegando a considerar o bem e a compreensão mútua como opções à Guerra contra os humanos, tal qual vimos no final do filme X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido. Mística é uma personagem, acredito eu, que todo roteirista gostaria de trabalhar, pois dá possibilidades múltiplas de ação dentro de suas histórias, já que carrega consigo selvageria, egoísmo, sensualidade e uma dose de sentimento dentro de si.

Miniatura Marvel Nº 39 - Mística
Bom amigos, é isso aí. Grande Abraço à todos!!

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Guardiões da Galáxia - O Filme


Enfim chegou aos cinemas a grande aposta do Marvel Studios dentro do seu universo cinematográfico. A introdução de seu segmento cósmico com uma equipe que é, de certa forma, desconhecida até mesmo entre os fãs de quadrinhos: Os Guardiões da Galáxia. O filme arrancou elogios de público e crítica e, ao que tudo indica, já se consolida como integrante do grupo de filmes com melhor estreia em se tratando de bilheterias em 2014. Definitivamente a Marvel criou sua fórmula de sucesso na "telona" e, possivelmente, a utilizará também no universo da TV com suas novas séries, dentre elas o aguardado Demolidor. A fórmula a que me refiro, no final das contas, não é tão complexa assim quanto muitos achavam. 


Tudo pode ser resumido em alguns ingredientes: 1º - A ideia de tratar diversão como diversão, e assim não se levar tão à sério, porém esse ingrediente não pode ser exagerado, pois caso isso aconteça teremos um filme superficial e que agride a inteligência do espectador; 2º - Um respeito à mídia original da qual o personagem ou equipe se originou, pois sabemos que esse distanciamento pode tornar tudo irreconhecível e sem apelo entre os principais consumidores de tal cultura, os fãs de quadrinhos e "nerds" em geral; 3º - Administrar de forma bem dosada humor e drama, entendendo que, no final, o que traz identificação ao espectador é ele mesmo se reconhecer (em certa medida) dentro do drama no qual os personagens se encontram; 4º - Fazer uso dos efeitos especiais como uma ferramenta e não um "fim", entendendo que tal instrumento trabalha para a história e não o contrário; 5º - Certificar-se de que o roteiro é bom e crível, mesmo em um ambiente de fantasia, pois no fundo sabemos que a ficção e fantasia nada mais são do que panos de fundo nos quais nossos dramas são representados.


Guardiões da Galáxia seguiu essa indicações e agora adentra de vez o já consolidado universo cinematográfico da Casa das Ideias. Particularmente quando ouvi falar desse filme achei uma aposta fora do contexto e com poucas chances de que eu viesse gostar. No entanto, isso não aconteceu. O Diretor James Gunn conseguiu transitar entre drama e ação com maestria. A cena de abertura é capaz de fazer qualquer um se emocionar sendo que, poucos instantes depois, você já é embalado em uma ótima sequencia onde um Star Lord adulto nos é apresentado. Sonhador, boa praça, vigarista, muitas vezes ridículo, capaz de rir de si mesmo e acima de tudo carismático, Star Lord (Chris Prat) conquista rapidamente a plateia. Na sequencia isso vai acontecendo com os outros personagens que demonstram a "perda" e a sensação de não pertencerem a lugar algum como um forte elo de ligação. Mesmo personagens como o Guaxinim Rocket Raccon e o vegetal ambulante Groot que num primeiro momento eu imaginei que pudessem desqualificar o filme por se tratarem de personagens por demais inverossímeis, conquistam seu lugar ao longo da trama, evidenciando personalidade e dramaticidade.

A atriz Zoe Saldana, que interpreta a Guerreira Gamora, se distancia um pouco (em se tratando de semelhança física) da personagem dos Quadrinhos. Inicialmente eu fiquei um pouco decepcionado com isso, no entanto ela conquista seu lugar ao demonstrar a índole de uma guerreira e ganha espaço no filme rendendo bons momentos ao ser confrontada com a irreverência de Star Lord. O único integrante da equipe que me pareceu meio sem jeito no papel em alguns momentos foi o ex-lutador de MMA Dave Bautista. O Drax por ele interpretado parece que pensa pouco com a cabeça e mais com os músculos. Nos quadrinhos lembro-me de ter visto um Drax mais experiente na guerra e como estrategista. No filme ele aparece mais como alguém com pouca vivência no ambiente brutal da guerra ao se mostrar impulsivo em sua vingança contra Ronan.


Particularmente eu gostei do vilão Kree, Ronan. Ele aparece, tal qual nas HQs, como legislador e protetor da cultura milenar de seu povo. Uma cultura que, ao seu ver foi vendida na esteira de inúmeros tratados de paz com outras civilizações. Além de Ronan, finalmente vemos Thanos aparecer. Sua participação é pequena na tela embora importante no contexto mais amplo. O Thanos que vemos no filme traz consigo uma mistura de poder e desdém pelos outros, algo que pode ser visto no sorriso que sai de seu rosto em algumas situações. Um sorriso que fica adequado apenas no vilão que conhece seu poder, capacidade e sente desprezo, ou melhor, se diverte com os seres que considera inferior ao seu redor. Como um carrasco que se diverte com suas vítimas antes de executa-las.


Confesso que senti falta de duas coisas. Primeiro de uma cena pós-crédito que nos desse um "gancho" mais específico para um próximo filme. A cena que vemos após o encerramento dos letreiros é engraçada, mas não aplaca nossa curiosidade para algum desfecho futuro. Em segundo lugar eu pensei que veria alguma referência mais específica ao herói Nova (Alex Rider no quadrinhos). Até o último minuto fiquei torcendo para que aparecesse alguma insinuação quanto à inserção do herói na mitologia cósmica cinematográfica da Marvel. Claro que isso não tira em nada a qualidade do filme. São apenas divagações e expectativas "nerds".


Por último, não poderia deixar de destacar a inigualável trilha sonora. Composta por canções de um dos períodos mais incríveis da música americana (1960 à 1980), a trilha consegue emoldurar muito bem o drama, a comédia e a ação presentes no filme. Tudo é explicado em função de que Star Lord (Peter Quill no filme) foi abduzido da Terra ainda criança em 1988, e recebia da mãe fitas cassetes com as músicas de sua preferência. Assim, a referência cultural dele ficou congelada naquela época e canções. Uma solução elegante para trazer para dentro do filme um conjunto de canções incríveis.


Bom amigos, é isso aí! Grande abraço à todos!

sábado, 2 de agosto de 2014

A Voz do Fogo - Alan Moore


Recentemente terminei de ler o livro A Voz do Fogo de Alan Moore. Obra do cultuado e misterioso escritor inglês. Xamânico, tribal e sobretudo metafórico, o livro possui um efeito lisérgico à todos àqueles que perseverarem no desbravamento de suas páginas. A Voz do Fogo estabelece como personagem principal não uma pessoa, mas sim um Lugar: Northamptom na Inglaterra, cidade natal do escritor. Moore enfatiza de forma subliminar ao longo do livro algo que pode ser atestado por todo aquele que tiver um pouco de sensibilidade e paciência diante da natureza: a ideia de que há uma consciência que nos rodeia e que conecta todas as coisas. O ser humano é realmente um ser admirável em sua inteligência e capacidade, no entanto ao meu ver perdeu a conexão que possuía com a criação, ficando à margem das sensações profundas e compartilhadas existentes na natureza. Nossa queda nos deixou mais pobres, arrogantes e superficiais. Ao longo do livro percebe-se que Alan Moore tem pensamento semelhante ao destacar essa presença em sua cidade natal.


O livro narra, em cada capítulo, situações específicas que aconteceram ao longo das Eras em Northamptom. Pessoas que viveram em épocas diferentes mas foram afetadas por essa visão singular da cidade. Iniciando sua narrativa em 4000 a.C., o livro começa com "O Porco do Bruxo", um relato em que um garoto relata em linguagem  pobre e destituída de maiores significados (difícil de ler) sua experiência ao ser sacrificado pelo Bruxo local. A partir desta primeira narrativa e nas seguintes Moore subentende um intercâmbio entre o mundo real e o imaginário da localidade, em que pessoas são de alguma forma vítimas e, em alguns casos, algozes de seus destinos. Os capítulos vão lentamente percorrendo as vidas de pessoas da Idade do Ferro, do Bronze, procuradores romanos, freiras, mendigos, rebeldes, bruxas queimadas e vigaristas, até chegar a si próprio no ano de 1995 (quando o livro foi concluído).


As narrativas metafóricas de Moore necessitariam de um exame mais minucioso para serem melhores compreendidas, além é claro, de uma familiaridade com o lugar. Porém isso não impede o leitor de embarcar em uma construção narrativa que entorpece e aguça o imaginário. Há, no entanto, uma visão constantemente negativa e bizarra do lugar, sem muito espaço para a esperança e redenção. Essa característica não me surpreendeu de todo, no entanto eu esperava encontrar algumas saídas e passagens secretas para longe do desespero em alguns locais do livro. Para o conhecedor razoável das obras de Moore é possível se observar tênues pontes que nos afasta da solidão e angústia da existência. Em geral tais atalhos estão contidos nas relações pessoais, como por exemplo na amizade de Rorschach e o Coruja em Watchman (um oásis na "insanidade" ou "sanidade" do personagem). Ou então na ocasional paz que Alec Holland (O Monstro do Pântano) sentia nos braços de Abby. Tais alívios não existem em A Voz do Fogo.


Assim, Alan Moore se compromete com uma história em que o leitor se vê envolvido pelas mesmas labaredas que dão nome ao livro. Não sei se o labirinto sem saída construido pelo autor representa exatamente sua visão de mundo, ou se foi apenas um recurso narrativo. No vídeo "A Paisagem Mental de Alan Moore", disponível no YouTube, pode-se ter uma ideia de suas reflexões e muitas delas passam pela temática que abordei no início da matéria. Por isso mesmo surpreendeu-me, de certa forma, a manutenção da inescapabilidade do desespero existencial apresentada no livro. Minha interpretação é muito pessoal e baseada em divagações internas. Há com certeza, muitos amigos que poderiam contribuir para um maior e melhor entendimento desta obra Sui Generis.


Sem dúvida nenhuma A Voz do Fogo é um mergulho em mitos, lendas e medos encravados no inconsciente coletivo da humanidade. É também uma obra que mostra o quão frágil pode ser o tecido que separa a realidade da fantasia. Um livro que nos leva a um local onde o tecido da realidade se esgarça e onde é possível olhar para longe do pensamento concreto. Eu, no entanto, consigo enxergar os escapes, atalhos e caminhos alternativos àquilo que é mostrado por Moore. Algo que Neil Gaiman também vê, como pude comprovar no livro O Oceano no Fim do Caminho. Acredito e torço para que Moore também os enxergue.

Abraço à todos!
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